Eduardo Gudin e os obstáculos de mercado
O nome do compositor e cantor Eduardo Gudin costuma ser associado pelo grande público ao de Paulo César Pinheiro pela parceria antológica que já dura décadas. Muitos não sabem que ele é um dos músicos brasileiros mais produtivos e influentes das últimas décadas.
Sua extensa lista de serviços prestados à música brasileira inclui mais de 200 composições, cerca de 20 discos, além de inúmeros parceiros que gravou e intérpretes que incentivou e descobriu. Como produtor, criou e dirigiu o 1º Festival Universitário da TV Cultura, que revelou, por exemplo, Arrigo Barnabé – um dos principais nomes do movimento Vanguarda Paulista.
Mesmo lembrado como uma grande divulgador da música, os obstáculos impostos pelo mercado acabaram por restringir o alcance de seu trabalho como compositor. “Você pode fazer sucesso ou não. Não tem muita explicação”, afirma Gudin em entrevista exclusiva concedida ao Samba em Rede.
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Para Eduardo, tudo é uma questão de estar no lugar certo e na hora certa. “Lembro que em 1985, eu não queria entrar no festival. Tudo aconteceu por conta da insistência de um amigo”, recorda Gudin sobre o momento que compôs “Verde”, canção assinada com J. C. Costa Netto e defendida por Leila Pinheiro no Festival dos Festivais.
Gudin conta que se acostumou a enfrentar desafios ao longo de sua experiência musical, especialmente pela oposição da televisão e das rádios em torno da promoção de sua obra. “Não me sinto frustrado. Talvez se minha carreira tivesse sido mais fácil, eu não teria estudado o que eu estudei, feito o que fiz.”
Além de atuar como articulador cultural e produzir gravações como “Beth Carvalho canta o Samba de São Paulo”, Eduardo Gudin também se dedicou aos estudos de orquestração. Em 2001, gravou o álbum “Luzes da Mesma Luz”, com Fátima Guedes, e compôs arranjos para grande orquestra. Ao todo, foram utilizados 20 instrumentos de cordas, incluindo violinos, violas e violoncelos, e nove de sopro, como clarone, trompetes, trompa, trombone, clarineta, flautas e saxofones.
A facilidade de transitar por diversas habilidades dentro da música, assim como a técnica apurada sempre posta a serviço da emoção, fazem de Eduardo Gudin um pilar dentro da música brasileira responsável por seguir inspirando muita gente até os dias de hoje.
Passados 50 anos de carreira, o compositor diverte-se ao lembrar de suas escolhas: “Não dá pra ficar supondo como as coisas poderiam ter sido. O importante é que ‘nois’ é diferente deles.”