Eduardo Gudin antes do programa ‘O Fino da Bossa’

Eduardo Gudin fala sobre o início da carreira em entrevista exclusiva

Eduardo Gudin se batizou em 1966 no programa “O Fino da Bossa”, apresentado por Elis Regina e Jair Rodrigues na TV Record, e em quase cinco décadas de trajetória, o compositor tornou-se uma das principais referências do samba paulista.

“A música já existia dentro de mim, pelo menos culturalmente. Eu conhecia muitos autores, e muito de teoria musical. Era mais uma questão de adquirir a prática, precisava tocar”, conta Gudin em entrevista exclusiva ao Samba em Rede sobre as premissas de sua carreira profissional.

Eduardo relaciona sua memória musical afetiva aos tons da vitrola que seu pai ouvia em casa: “Aos cinco anos de idade, eu já demonstrava um interesse quase que incomum pela música. Meu pai comprava muitos discos e eu adorava ficar escutando tudo aquilo.”

Entre expoentes do rock nacional como Bill Haley e seus Cometas, o cancioneiro do pai contemplava também mestres da bossa nova como João Gilberto, Tom Jobim e Vinícius de Moraes. “Minha irmã ganhou de aniversário o disco ‘Chega de Saudade’ do João Gilberto, em 78rpm, nem era LP ainda. E eu ouvia aquele disco sem parar”, recorda.

“O meu interesse por música começou muito cedo. Antes mesmo de eu tocar”, conta Gudin

A aptidão e o interesse musical levaram Gudin a explorar outras habilidades como aprender a tocar piano, percussão e violão. Aos 13 anos de idade, elege Paulinho Nogueira como uma figura importantíssima para a sua trajetória: “Foi depois de ver o Paulinho tocar ‘Agora é Cinza’ na televisão que cismei que queria tocar violão. Eu gostei tanto de ver ele tocando que pedi um para o meu pai.”

A grande estreia no programa “O Fino da Bossa”, na TV Record, se deu aos 16 anos como solista de violão. “Eu toquei violão: eles me escutaram, gostaram e me levaram para o programa”, revela Gudin ao lembrar do momento em que conheceu Elis Regina, Ronaldo Bôscoli e Roberto Menescal. O jovem violonista apresentou-se com um solo em “Morena boca de ouro”, de Ary Barroso.

A reação positiva das plateias e a repercussão de sua aparição estimularam o violonista a seguir pelas vias musicais, buscando o refinamento como compositor. Desde a década de 1960, o compositor firmou parcerias com nomes como Adoniran Barbosa, Paulo Vanzolini, Hermínio Bello de Carvalho, Roberto Riberti, Elton Medeiros e Paulo César Pinheiro. Em 1985, Gudin projetou-se nacionalmente no Festival dos Festivais, com sua composição “Verde”, assinada com J. C. Costa Netto e defendida por Leila Pinheiro.