’12 bolsas de sangue por dia’: jornalista relembra como transfusões salvaram a vida de sua avó
Nilza de Barros Aureliano sobreviveu a uma hemorragia severa graças a doadores anônimos; neta conta essa história neste Junho Vermelho
Em 2009, a aposentada Nilza de Barros Aureliano, hoje com 83 anos, enfrentou uma das fases mais delicadas de sua vida.
Nascida em Votorantim (SP) e moradora da capital paulista, ela foi diagnosticada com pólipo estomacal, uma lesão que se forma na parede interna do estômago.
Sua neta, Giovanna Aureliano, jornalista de 24 anos, relembra o drama vivido pela família em entrevista à Catraca Livre, que está promovendo uma série de reportagens especiais para o Junho Vermelho, mês de incentivo à doação de sangue.
“O que mais me recordo é do clima naquela época, pois teve um dia que minha vó acordou dizendo que estava em um lugar lindo, ensolarado, e estava o maior frio em São Paulo. Com essa frase, pra quem acredita em algo maior que nós, sentimos que ela teve outra chance e que não era a hora dela“, lembra a jovem.

Nilza precisou de até 12 bolsas por dia
Dona Nilza teve uma grave hemorragia causada por um pólipo estomacal, condição que, como pontua Giovanna, “se não fosse tratada corretamente, poderia evoluir para um câncer.”
Internada em um hospital em São Paulo, a situação exigiu transfusões urgentes. A família foi informada pelos médicos e Giovanna relembra:
“Recebi essa noticia com muita angustia e preocupação, pois todos da família estavam muito tensos e mesmo que falassem que ela iria ficar bem, era possível sentir o medo.”
Apesar do susto, encontrar sangue compatível não foi um desafio, já que Nilza tem o tipo A+. Ela chegou a receber até 12 bolsas de sangue por dia, o que evidencia a gravidade do quadro.
“Quando ela recebia às bolsas, poucos instantes depois, ela perdia tudo novamente”, conta Giovanna.
A hemorragia só foi controlada após uma cirurgia de alto risco para remoção do pólipo.
Um gesto anônimo que salva vidas
O episódio marcou para sempre a vida da neta, que passou a enxergar a doação de sangue com outros olhos.
“Não imaginava que era algo tão necessário para a sociedade”, confessa. “Mesmo com a pouca idade na época, 9 anos, soube que ali deram uma esperança dela continuar vivendo até ser possível realizar a cirurgia.”
Hoje, ela ainda não é doadora, mas pretende começar em breve. Em nome da avó, deixa um recado direto para quem ainda não doou:
“Todos que podem ajudar devem doar, pois salva vidas e dá novas chances de viver. E para aqueles que salvaram minha vó, muito obrigada por serem doadores, vocês salvaram ela!”

Gratidão que atravessa os anos
Nilza se recuperou totalmente da hemorragia e, apesar de conviver com diabetes, segue com saúde estável e independência aos 83 anos.
Não precisou morar com filhos nem em casas de repouso, e mantém a fé que a sustentou durante a fase mais difícil.
“Minha vó é muito temente a Deus e muito devota de São Judas Tadeu e Nossa Senhora Aparecida. Ela agradece todos os dias por ter tido outra oportunidade e ter se curado.”
Nilza representa milhares de brasileiros que já foram salvos por doadores de sangue anônimos. Esse é um lembrete poderoso neste Junho Vermelho: doar sangue é doar esperança e futuro.