22 pesticidas são associados ao câncer de próstata em estudo

Os cientistas analisaram 295 pesticidas e a possível associação com a doença; entenda as descobertas

Por Caroline Vale em parceria com João Gabriel Braga (Médico - CRMGO 28223)
04/11/2024 18:44

Pesquisadores dos Estados Unidos identificaram 22 pesticidas que estão consistentemente associados ao aumento da incidência de câncer de próstata.

O estudo, publicado na revista Cancer, traz um alerta significativo sobre os riscos associados à exposição a essas substâncias.

Quais pesticidas foram analisados?

A pesquisa avaliou um total de 295 pesticidas utilizados em diversos condados dos EUA. O foco foi na relação entre o uso desses pesticidas e a incidência de câncer de próstata, considerando um período de latência de 10 a 18 anos entre a exposição e o surgimento da doença.

As análises foram realizadas em duas fases: a primeira, com dados de uso de pesticidas entre 1997 e 2001; a segunda, com resultados de câncer coletados de 2011 a 2015. Outra análise foi feita para um período de 2002 a 2006, correlacionando com dados de 2016 a 2020.

Entre os 22 pesticidas identificados, três já haviam sido previamente associados ao câncer de próstata. O 2,4-D, um herbicida amplamente utilizado, é um deles. Os demais 19 pesticidas incluem 10 herbicidas, vários fungicidas e inseticidas, além de um fumigante de solo.

A pesquisa destacou que quatro dos pesticidas associados à incidência de câncer de próstata também foram ligados à mortalidade pela doença:

  • Trifluralina (herbicida);
  • Cloransulam-metil (herbicida);
  • Diflufenzopir (herbicida);
  • Tiometoxam (inseticida).

No Brasil, a trifluralina e o tiometoxam têm seu uso autorizado. Dentre esses pesticidas, somente a trifluralina é classificada como “possível carcinógeno humano” pela Agência de Proteção Ambiental dos EUA.

Estudo revela 22 pesticidas associados ao câncer de próstata
Estudo revela 22 pesticidas associados ao câncer de próstata - jamesbenet/iStock

Qual a importância dessa pesquisa?

Simon John Christoph Soerensen, autor principal do estudo, ressaltou a importância de investigar as exposições ambientais para entender as variações na incidência e mortalidade por câncer de próstata.

“Ao construir sobre essas descobertas, podemos avançar nossos esforços para identificar fatores de risco para câncer de próstata e trabalhar para reduzir o número de homens afetados por esta doença”, afirmou, em comunicado à imprensa.