A causa do autismo pode ter relação direta com o cordão umbilical do bebê, aponta pesquisa

Pesquisa identifica ácido graxo no sangue do cordão umbilical ligado ao autismo. Entenda os achados

Por Thatyana Costa em parceria com João Gabriel Braga (Médico - CRMGO 28223)
12/03/2025 14:01 / Atualizado em 23/03/2025 17:38

O estudo sugere que os níveis de diHETrE no sangue do cordão umbilical podem prever o risco de autismo, com implicações para intervenções futuras.
O estudo sugere que os níveis de diHETrE no sangue do cordão umbilical podem prever o risco de autismo, com implicações para intervenções futuras. - iStock/ruizluquepaz

Um estudo recente realizado pela Universidade de Fukui, no Japão, revelou uma nova possível causa para o desenvolvimento do transtorno do espectro autista (TEA).

A pesquisa, que analisou amostras de sangue do cordão umbilical de 200 crianças, identificou um ácido graxo chamado diHETrE como um fator potencialmente relacionado à gravidade dos sintomas do autismo.

A relação entre dihetre e os sintomas do autismo

Os pesquisadores observaram que o diHETrE, um ácido graxo poli-insaturado, tem uma correlação interessante com o comportamento das crianças. Níveis elevados dessa substância no sangue do cordão umbilical estavam associados a dificuldades sociais, um dos principais sinais do autismo.

Por outro lado, crianças com níveis mais baixos de diHETrE apresentaram comportamentos repetitivos e restritivos, outro sintoma característico do transtorno. As análises indicaram que as meninas, em particular, foram mais afetadas por essas variações, sugerindo que o TEA pode se manifestar de maneira diferente entre os gêneros.

Possíveis implicações para a prevenção e diagnóstico do autismo

De acordo com os cientistas responsáveis pelo estudo, medir os níveis de diHETrE no momento do nascimento poderia ser uma forma eficaz de prever o risco de autismo.

Além disso, intervenções direcionadas ao metabolismo desse composto durante a gravidez poderiam, teoricamente, reduzir as chances de desenvolvimento do transtorno. No entanto, os pesquisadores ressaltam que são necessários mais estudos para confirmar essas hipóteses e estabelecer intervenções concretas.

O estudo foi publicado na revista Psychiatry and Clinical Neurosciences e abre novas perspectivas para a compreensão do autismo, além de sugerir que fatores biológicos específicos, como os níveis de ácidos graxos no sangue do cordão umbilical, podem desempenhar um papel fundamental na manifestação do TEA.

A pesquisa destaca a importância de diagnósticos precoces, pois o transtorno afeta habilidades sociais e comportamentais de forma variável, o que torna o monitoramento ainda mais crucial.

 

 

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