A doença rara que afeta nervos, coração e rins: o que você deve saber sobre a amiloidose

Amiloidose é uma doença rara que afeta múltiplos órgãos e pode ser confundida com outras condições

Por Maíra Campos em parceria com Anna Luísa Barbosa (Médica - CRMGO 33271)
14/05/2025 05:57

A amiloidose é uma condição rara e de difícil diagnóstico, que causa acúmulo anormal de proteínas em diferentes partes do corpo.

Amiloidose – diagnóstico escrito em um pedaço de papel branco. Seringa e injeção com medicamentos.
Amiloidose – diagnóstico escrito em um pedaço de papel branco. Seringa e injeção com medicamentos. - Istock/GreenApple78

Por seus sintomas variados, muitas vezes essa doença é confundida com outras, atrasando o tratamento adequado. O reconhecimento precoce pode evitar complicações graves e irreversíveis.

Como a amiloidose se desenvolve no organismo

Essa condição ocorre por um erro na formação das proteínas, que deixam de ser processadas corretamente e passam a se acumular em órgãos e tecidos.

O acúmulo da proteína anormal chamada amiloide afeta o funcionamento normal do corpo. O fígado é o principal produtor dessa substância, que pode se depositar em qualquer órgão.

Tipos mais comuns e órgãos afetados

A doença possui formas sistêmicas e hereditárias, como a ATTRv, que está ligada a mutações genéticas e costuma atingir nervos periféricos, rins, olhos, coração e sistema gastrointestinal.

Essas mutações afetam as proteínas precursoras e geram acúmulo de amiloide em órgãos essenciais. O comprometimento neurológico e cardíaco são os mais comuns na amiloidose hereditária ATTRv.

O excesso de gordura no fígado pode ser prevenido com uma alimentação equilibrada e a prática de exercícios.
O excesso de gordura no fígado pode ser prevenido com uma alimentação equilibrada e a prática de exercícios. - iStock/transurfer

Principais sintomas e onde eles aparecem

Como diferentes sistemas podem ser comprometidos, os sintomas variam de acordo com o órgão afetado. No intestino, por exemplo, há diarreia, náuseas e constipação.

Quando a doença atinge os nervos, pode haver perda de sensações como temperatura, dor e coordenação. Também pode haver fraqueza e dificuldade para caminhar.

No coração, surgem arritmias, distúrbios de condução e, em alguns casos, é necessário implantar um marca-passo. Se os rins são afetados, pode surgir a síndrome nefrótica.

Formas clínicas da amiloidose hereditária

Na ATTR hereditária, destacam-se duas manifestações principais: a associada à polineuropatia (ATTRv-PN) e a relacionada à cardiomiopatia (ATTRv-CM).

Essas formas clínicas exigem acompanhamento especializado. Os sintomas são avaliados por neurologistas ou cardiologistas experientes no tema.

Como o diagnóstico é feito

O diagnóstico é confirmado pela presença de depósitos amiloides, histórico familiar e teste genético, que detecta mutações no DNA.

Casos sem histórico familiar também devem ser investigados. Pacientes com sintomas compatíveis e sem outras causas identificadas devem ser analisados com atenção.

A importância do tratamento e do acompanhamento

A amiloidose não tem cura, mas há formas de desacelerar sua progressão com diagnóstico precoce e cuidados multidisciplinares.

O acompanhamento frequente com exames de função renal, hepática, cardíaca e glicêmica é essencial a cada seis meses.

Consultas especializadas devem ocorrer semestralmente, e exames oftalmológicos devem ser feitos anualmente para avaliar possíveis complicações oculares.