A infecção viral que pode dobrar o risco de demência

Embora a conexão não esteja completamente esclarecida, há evidências que indicam que o vírus pode desempenhar um papel na progressão da doença

Estudo sugere uma possível ligação entre o vírus herpes simplex, especialmente o tipo 1 (HSV-1), e o desenvolvimento de demência
Créditos: koto_feja/istock
Estudo sugere uma possível ligação entre o vírus herpes simplex, especialmente o tipo 1 (HSV-1), e o desenvolvimento de demência

Um estudo recente, publicado no Journal of Alzheimer’s Disease, alertou que uma infecção por um vírus comum pode dobrar o risco de desenvolver demência.

A pesquisa é de uma equipe da Universidade de Uppsala, na Suécia.

Os resultados revelaram que indivíduos que tiveram contato com o vírus herpes em algum momento de suas vidas apresentavam um aumento de duas vezes na vulnerabilidade à doença em comparação com aqueles que nunca contraíram o vírus.

Espera-se que essas descobertas possam impulsionar a pesquisa sobre o potencial uso de medicamentos anti-herpes para reduzir o risco de demência.

O que é o vírus herpes?

O vírus herpes simplex, ou HSV, é uma infecção comum que causa bolhas ou úlceras dolorosas. Sua transmissão se dá pelo contato pele a pele.

Cerca de 3,7 bilhões de pessoas com menos de 50 anos em todo o mundo carregam o vírus, conforme relatado pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

Existem dois tipos de HSV:

  •  HSV-1 
  • HSV-2

O primeiro é comum no herpes oral, que causa feridas ao redor da boca, lábios e áreas faciais.

A transmissão ocorre principalmente por contato direto, como beijos ou compartilhamento de objetos contaminados, como utensílios de alimentação.

Já o HSV-2 é comumente associado ao herpes genital, que causa feridas nos genitais, ânus e áreas próximas.

A transmissão se dá principalmente por contato sexual, incluindo relações sexuais vaginais, anais ou orais com uma pessoa infectada.

A infecção por herpes dura a vida toda, mas os sintomas podem ser intermitentes.

Detalhes do estudo

Este estudo, divulgado em janeiro, acompanhou 1.000 pessoas de 70 anos por 15 anos e constatou que aquelas infectadas pelo HSV tinham duas vezes mais chances de desenvolver demência, independentemente da idade.

Isso sugere uma possível conexão entre infecção viral e declínio cognitivo.

Pesquisas anteriores já haviam indicado essa associação, identificando que o HSV-1 pode estar presente no cérebro de pacientes com Alzheimer em níveis mais elevados do que em pessoas sem a doença.

Agora, é necessário investigar se medicamentos contra o vírus herpes podem reduzir o risco de demência.

Isso pode abrir portas para tratamentos precoces ou mesmo prevenção da doença.