A surpreendente ligação entre infecções virais e demência

Pesquisa internacional revela que vírus como gripe e encefalite podem aumentar risco de demência em até 15 anos após a infecção

Por Thatyana Costa em parceria com João Gabriel Braga (Médico - CRMGO 28223)
23/06/2025 16:00

Vírus atravessam barreiras cerebrais e aceleram degeneração neuronal.
Vírus atravessam barreiras cerebrais e aceleram degeneração neuronal. - iStock/LightFieldStudios

Um novo estudo do Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos (NIH), publicado na revista Neuron, revelou uma possível conexão entre infecções virais e o desenvolvimento de doenças neurodegenerativas, incluindo diversos tipos de demência. A pesquisa, considerada uma das mais abrangentes da área, comparou dados de mais de 800 mil pessoas do Reino Unido e da Finlândia ao longo de 15 anos.

Os resultados indicam que pelo menos 45 tipos de infecções virais estão significativamente ligados ao aumento no risco de desenvolver condições como Alzheimer, Parkinson, esclerose múltipla e demência vascular.

Infecções virais e o cérebro

Segundo os pesquisadores, muitos vírus têm a capacidade de atravessar a barreira hematoencefálica ou atingir o cérebro por meio dos nervos periféricos. Isso não apenas facilita a entrada dos microrganismos no sistema nervoso central, como também pode provocar inflamações e agravar processos degenerativos já existentes.

Entre os principais agentes identificados, seis grupos de vírus se destacaram por apresentarem risco elevado de associação com demência:

  • Encefalite viral
  • Verrugas virais
  • Gripe e pneumonia
  • Gripe comum
  • Pneumonia viral
  • Outras infecções virais não especificadas

Em alguns casos, o risco persistiu por até 15 anos após a infecção inicial.

Quando o sistema imune falha

Pessoas com o sistema imunológico debilitado, especialmente idosos, são mais suscetíveis aos efeitos neurológicos de uma infecção viral. Os cientistas também apontam que, quando o cérebro já apresenta sinais de degeneração, um vírus pode acelerar essa deterioração, impactando diretamente a capacidade cognitiva.

A descoberta reforça a importância da prevenção e do tratamento adequado de infecções virais, sobretudo entre grupos vulneráveis, como os idosos. Além disso, traz à tona um novo fator de risco que deve ser considerado no combate à demência.


Sinal sutil pode anteceder demência em 20 anos

Pesquisadores identificaram que mudanças leves na tomada de decisões financeiras podem ser o primeiro sinal sutil de demência. Esse indicativo pode surgir até duas décadas antes do diagnóstico oficial, alertando para a importância do acompanhamento cognitivo precoce e da conscientização sobre os sintomas iniciais da doença. Clique aqui para saber mais.