Acordar cedo pode afetar desempenho escolar de adolescentes

29/10/2014 17:18 / Atualizado em 06/05/2020 17:32

Sabe aquela tal história de que “cérebro descansado funciona melhor”? No caso dos adolescentes, ela é um fato! O estudo é tão autêntico que fez com que, em 2005, uma diretora de uma escola de São Paulo, depois de verificar a maior necessidade de sono dos adolescentes, trocasse os turnos para os alunos estudarem à tarde e renderem melhor.

Após assumir a direção da Escola Estadual Dr. Francisco Brasiliense Fusco, no bairro do Campo Limpo, em São Paulo, Rosângela Moura começou a perceber que muitos alunos chegavam depois das sete horas da manhã, horário da primeira aula, e não conseguiam assistir à atividade. Ao notar que uma parte dos estudantes repetiam de ano por falta, a diretora colocou os adolescentes para estudar no período da tarde e as crianças pequenas no turno da manhã, conseguindo um ótimo resultado.

 
 

Para o professor do curso de medicina da UFRN (Universidade Federal do Rio Grande do Norte) e especialista em medicina do sono, John Fontenele, o adolescente tem uma explosão da liberação dos hormônios durante o sono, o que explica a sua necessidade de dormir por mais horas. Por ser a favor do jovem poder dormir por mais tempo e não ter conseguido mudar os turnos do curso que leciona, Fontenele libera o cochilo em suas aulas.

“Não é possível compensar ou repor o sono perdido”

Um estudo sobre o sono vem sendo feito há 14 anos em quase todos os alunos do curso de medicina na UFRN. Avaliados até o último ano com uma série de exames, os especialistas buscam entender nesses estudantes a relação entre o desempenho deles nos estudos e de que maneira a jet lag os afeta. O termo se refere à vontade de dormir em outro horário que não seja o local depois de se passar por viagens aéreas muito longas, cruzando diversos fusos horários.

Mesmo que ainda esteja em fase de produção, a pesquisa já concluiu que estudantes que dormem seis horas por noite e oito horas nos finais de semana, sofrem do chamado “jet lag crônico”. Para John Fontenele, não é possível compensar a perda de mais de uma hora de sono ao longo de algumas semanas seguidas.

Consequências negativas

A bateria de testes que vem sendo feita há alguns anos só confirma o que já era esperado: dormir pouco é prejudicial à saúde. Segundo o médico, o corpo e a mente sentem a carência das horas dormidas e sofrem alterações cardiovasculares (aumento da pressão arterial e batimento cardíaco) e respiratórias (quem é asmático, por exemplo, terá um número maior de crises).

Como melhorar a qualidade do sono

Ainda que não seja possível compensar uma grande quantidade de horas de sono perdidas, algumas atitudes são capazes de melhorar –e muito– as noites de descanso. Um colchão de qualidade, que atende em sua dimensão, conforto e sustentação é essencial para afastar o estresse, repor alguns hormônios e prevenir a dor nas costas e problemas de saúde. Fazer uma alimentação leve, não consumir bebidas com cafeína (café, chá, refrigerante), vestir roupas confortáveis e leves são práticas que também contribuem para uma boa noite de sono, que vai ainda resultar em um dia mais produtivo.