O alerta no corpo que pode prever demência até 9 anos antes

A mudança física que pode prever demência antes do diagnóstico formal; saiba como identificar os sinais

Por Caroline Vale em parceria com João Gabriel Braga (Médico - CRMGO 28223)
18/11/2024 17:02 / Atualizado em 27/11/2024 17:50

A demência é uma doença progressiva que afeta a memória, a cognição e as habilidades diárias. A condição costuma se desenvolver lentamente, mas os sinais podem surgir bem antes de um diagnóstico formal.

Qual é a relação entre fragilidade e demência?
Qual é a relação entre fragilidade e demência? - iStock/SB Arts Media

Pesquisadores da Universidade de Queensland, na Austrália, analisando dados de mais de 30 mil pessoas nos EUA e no Reino Unido ao longo de 20 anos, descobriram que a fragilidade física pode ser um dos primeiros sinais de que uma pessoa está em risco de desenvolver demência.

Relação entre fragilidade e demência

Durante o estudo, ficou claro que a fragilidade pode aparecer ou aumentar nos nove anos que antecedem o diagnóstico de demência. Esse fator pode servir como um alerta com até nove anos de antecedência.

O Dr. David Ward, um dos autores do estudo, sugere que, à medida que mais problemas de saúde se acumulam, o risco de desenvolver demência aumenta.

“Nossas descobertas mostram que a cada quatro ou cinco problemas de saúde adicionais, há, em média, um risco 40% maior de desenvolver demência, enquanto para pessoas mais saudáveis ​​o risco é menor”, explicou ao Royal Australian College of General Practitioners (RACGP).

O que é a fragilidade e como ela pode afetar a saúde?

A fragilidade é uma condição associada ao envelhecimento que reflete a redução da capacidade do corpo de lidar com desafios físicos, emocionais ou sociais, o que dificulta, por exemplo, a recuperação de doenças ou lesões.

A fraqueza pode se manifestar de várias maneiras, como caminhar lentamente, sentir-se exausto facilmente ou ter dificuldades em atividades diárias simples, como subir escadas ou levantar de uma cadeira. Pessoas frágeis estão mais suscetíveis a quedas, hospitalizações e piora da saúde em geral. 

Embora o estudo não tenha comprovado definitivamente que a fragilidade seja um sintoma direto da demência, ele sugere que ela pode ser um fator de risco relevante, contribuindo para o início da doença.

“Esses [dados] sugerem que a fragilidade não é meramente uma consequência da demência não detectada, mas contribui para seu início. Ao compreender a conexão entre a fragilidade do envelhecimento e a demência, podemos usar estratégias de intervenção direcionadas para reduzir o risco e melhorar a qualidade de vida”, disse Dr. Ward.

Como prevenir?

Para prevenir ou reduzir a fragilidade, é recomendado:

  • Praticar exercícios aeróbicos, como caminhada, natação ou corrida;
  • Fazer musculação para aumentar a massa muscular e óssea;
  • Ter uma dieta saudável para prevenir doenças que contribuem para a fragilidade;
  • Tomar suplementos, sob orientação médica, para amenizar a perda de massa magra;
  • Reduzir o estresse, ficar socialmente ativo e buscar apoio emocional são formas de evitar o impacto psicológico que pode contribuir para a fragilidade;
  • Pequenas mudanças no dia a dia, como subir escadas ou realizar tarefas domésticas, podem ser grandes aliados na prevenção.

Além disso, exames médicos regulares ajudam a identificar e tratar precocemente problemas que possam levar à fragilidade, como osteoporose ou anemia.

Quanto mais cedo forem identificados os sinais de fragilidade, mais eficazes podem ser as intervenções para reduzir os riscos associados à demência.