Andropausa sem tabu: informação é o primeiro passo para o cuidado

A redução da testosterona após os 40 anos pode afetar o humor, o sono, o apetite sexual e até o metabolismo

17/11/2025 10:20

om o passar dos anos, o corpo do homem muda —e isso inclui os hormônios. Uma dessas mudanças é a queda gradual da testosterona, o principal hormônio masculino. Essa condição é chamada de DAEM (Deficiência Androgênica do Envelhecimento Masculino), mais conhecida como andropausa.

A testosterona é responsável por várias funções importantes: ela ajuda a manter a disposição, a força muscular, o desejo sexual e o bem-estar geral. Quando seus níveis diminuem, o homem pode sentir cansaço, desânimo, perda de libido e até sintomas parecidos com depressão.

Andropausa sem tabu: informação é o primeiro passo para o cuidado
Andropausa sem tabu: informação é o primeiro passo para o cuidado - mumininan/iStock

Apesar de ser uma fase natural do envelhecimento, a andropausa ainda é pouco falada. Muitos homens não reconhecem os sinais ou acham que é apenas estresse ou excesso de trabalho. Isso atrasa o diagnóstico e o tratamento. E tem mais: segundo o Centro de Referência em Saúde do Homem, 70% dos homens só vão ao médico quando alguém da família insiste —e mais da metade já chega com doenças em estágio avançado.

É por isso que campanhas como o Novembro Azul são tão importantes. Elas lembram que cuidar da saúde vai além da prevenção do câncer de próstata. Falar sobre a andropausa, fazer exames e buscar orientação médica são atitudes que ajudam o homem a envelhecer com mais qualidade de vida.

De acordo com o urologista Adelmo Aires Negre, médico da área de Urologia do AmorSaúde, rede de clínicas parceiras do Cartão de TODOS, a andropausa não acontece de forma abrupta. “Esse é um processo natural em que há uma redução gradual da produção de testosterona. Diferente da menopausa feminina, ela não ocorre de forma abrupta, mas sim progressiva, variando de homem para homem”, explica.

O médico aponta que a redução natural da testosterona costuma iniciar a partir dos 40 anos, com uma queda média de 1% a 2% ao ano. Alguns fatores, no entanto, podem acelerar esse declínio hormonal:

  • Sedentarismo;
  • Excesso de peso;
  • Consumo de álcool e tabagismo;
  • Estresse crônico
  • Privação de sono
  • Uso de medicamentos, como corticoides e antidepressivos.
  • Doenças metabólicas, como diabetes e hipertensão.

Quais são os sintomas da andropausa e como amenizá-los?

O médico explica que os sintomas da andropausa podem surgir de maneira discreta, mas tendem a se intensificar com o tempo. Entre os mais comuns, o médico destaca:

  • Diminuição da disposição física e mental;
  • Queda da libido e dificuldade de ereção;
  • Alterações do sono e do humor, como irritabilidade e desânimo;
  • Redução de massa muscular e aumento da gordura abdominal;
  • Diminuição da concentração e da memória.

“Esses sintomas merecem investigação, pois podem estar ligados não só à queda hormonal, mas também a doenças associadas, como obesidade, diabetes ou depressão”, alerta o médico.

Quando se trata de amenizar os sintomas da andropausa, o profissional adverte que, antes de recorrer à reposição hormonal, o ideal é investir em mudanças no estilo de vida, pois “a base do tratamento começa muito antes da reposição hormonal”, ressalta Negre. Entre as principais medidas de cuidado estão:

  • Praticar atividade física regular, especialmente exercícios de força e aeróbicos;
  • Manter uma alimentação equilibrada, rica em proteínas, frutas e vegetais;
  • Garantir sono de qualidade, evitando telas à noite e cafeína em excesso;
  • Controlar o estresse, com momentos de lazer e convívio familiar;
  • Evitar o tabaco e o álcool, grandes vilões da produção hormonal.

Como manter uma vida sexual plena

A vida sexual também pode ser afetada pela andropausa, mas isso não significa o fim da atividade sexual. Segundo o médico, atividade física, boa alimentação e sono adequado contribuem diretamente para a função erétil. “Também é importante valorizar o diálogo com a parceira e buscar apoio médico para tratamento da disfunção erétil ou reposição hormonal segura, pois a sexualidade masculina é influenciada por três pilares: hormônio, emoção e relacionamento”, explica o médico.

O profissional reforça que os tratamentos atuais permitem bons resultados. “Hoje dispomos de terapias modernas e individualizadas, que permitem ao homem recuperar a confiança e manter uma vida sexual plena, sem riscos quando bem acompanhadas”.

O médico ressalta que saber quando buscar acompanhamento profissional é fundamental. “O momento certo é quando os sintomas começam a interferir na qualidade de vida, seja pela perda de energia, pela queda da libido ou pelo desânimo constante”, recomenda Negre. No consultório, a avaliação médica inclui análise dos sintomas clínicos, exames de sangue (testosterona total e livre, PSA, glicemia, perfil lipídico) e avaliação geral da saúde.

Além do médico da área de Urologia, o acompanhamento pode ser multiprofissional, envolvendo nutricionista, educador físico e psicólogo. “Se confirmada a deficiência androgênica, o urologista discutirá a reposição hormonal, sempre com segurança, monitorando exames e riscos cardiovasculares e prostáticos”, destaca Negre.