Apenas uma doença segue como emergência global de saúde

Casos recentes da doença foram registrados no Afeganistão e Paquistão

Apenas uma doença figura atualmente como emergência em saúde pública pela OMS
Créditos: PeopleImages/istock
Apenas uma doença figura atualmente como emergência em saúde pública pela OMS

Após a alteração do status da covid-19 e da mpox (varíola dos macacos), a poliomielite figura atualmente como a única emergência em saúde pública de importância internacional mantida pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

O mesmo comitê que declarou o fim da emergência para a covid-19 e para a mpox decidiu – por unanimidade – manter o mais alto status concedido pela entidade para a pólio, popularmente conhecida como paralisia infantil.

“O comitê unanimemente concordou que o risco de disseminação internacional do poliovírus permanece como emergência em saúde pública de importância internacional e orientou para a extensão das recomendações temporárias por mais três meses”, destacou o relatório da OMS, que considerou, entre outros fatores, a transmissão em curso da pólio no leste do Afeganistão com propagação além da fronteira com o Paquistão.

Casos recentes

Para a decisão, a entidade considerou ainda o grande grupo de crianças sem nenhum tipo de imunização no sul do Afeganistão. Também levou em conta a importação do poliovírus selvagem do Paquistão para o Malawi e para Moçambique. E considerou a cobertura vacinal abaixo do ideal no sudeste da África.

Os casos mais recentes de poliovírus selvagem são de abril deste ano no Afeganistão e em fevereiro no Paquistão.

No ano passado, a doença foi confirmada em Moçambique e, no fim de 2021, no Malawi.

A OMS está atenta ainda para casos de poliovírus oriundos da vacina oral, que contém vírus vivo atenuado para remover a capacidade de produzir paralisia.

Em crianças com a vacina de gotinha, o vírus atenuado se reproduz e persiste no intestino por cerca de seis semanas. Esse vírus vacinal pode, inclusive, atingir outras crianças suscetíveis e fornecer proteção. Esse fenômeno chama-se imunidade de rebanho.

Os casos mais recentes de poliovírus da vacina são de março deste ano em Madagascar e na República Democrática do Congo, além de um outro caso de fevereiro em Moçambique. No ano passado, Malawi e Congo também confirmaram casos.

A OMS alerta que a retirada da dose oral contra a pólio do calendário de alguns países colabora para a queda na imunidade intestinal de crianças. Isso consequentemente aumenta o número de infecções oriundas da vacina.

A doença

Dados da entidade mostram que a poliomielite afeta principalmente crianças com menos de 5 anos de idade. Uma em cada 200 infecções leva à paralisia irreversível, geralmente das pernas. Entre os acometidos, 5% a 10% morrem por paralisia dos músculos respiratórios.

Os casos diminuíram mais de 99% ao longo dos últimos anos, passando de 350 mil casos estimados em 1988 para seis casos reportados em 2021.

“Enquanto houver uma criança infectada, crianças de todos os países correm o risco de contrair a poliomielite”, diz a OMS.

O Brasil recebeu o certificado de eliminação da pólio em 1994. No entanto, até que se elimine a doença em todo o planeta, existe o risco de o país registrar casos importados e do vírus voltar a circular em território nacional.