Autoexame da mama não substitui exame clínico, diz Ministério da Saúde

O câncer de mama tem muitas chances de cura, quando detectado em fases iniciais, o que não é possível fazer através do autoexame

O autoexame das mamas para a detecção de nódulos deixou de ser indicado pelo Ministério da Saúde como forma de prevenir o câncer de mama. Embora seja uma estratégia que ajuda a mulher a conhecer seu próprio corpo e identificar mudanças nele, o método pode acabar fazendo com que as pacientes deixem de procurar atendimento médico, retardando o diagnóstico da doença.

Com a palpação dos seios, geralmente a mulher não consegue identificar pequenos caroços, de 1 cm ou menos, ou que ainda estejam restritos ao ducto mamário –estrutura que carrega o leite durante a amamentação. Apenas nódulos de 3 cm ou mais são possíveis de serem identificados no autoexame, tamanho considerado grande.

Preocupação é que o autoexame pode desestimular outras avaliações
Créditos: spukkato/istock
Preocupação é que o autoexame pode desestimular outras avaliações

Já com a mamografia, é possível encontrar esses pequenos nódulos e identificar tumores no estágio inicial, o que facilita o tratamento e aumenta as chances de cura.

De acordo com o presidente da Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM), Antônio Frasson, o autoexame só é preconizado onde não existe mamografia ou outro método de diagnóstico. A Europa e Estados Unidos, por exemplo,  não recomendam mais o autoexame. Na Índia, onde não há mamografia acessível, o método ainda é utilizado, mas para evitar complicações do câncer de mama.

O Ministério da Saúde e o Instituto Nacional de Câncer (INCA) confirmam a orientação da SBM sobre o autoexame e aconselham a mulher a apalpar as mamas sempre que se sentir confortável, a qualquer tempo, sem nenhuma recomendação técnica específica ou periódica.

Os dados oficiais mostram que é mais comum mulheres identificarem caroços no seio casualmente (no banho ou na troca de roupa) do que no autoexame mensal.

A mudança, de acordo com o ministério, surgiu do fato de que, na prática, muitas mulheres descobriram a doença a partir de uma observação casual e não por meio de uma prática sistemática de se autoexaminar.

Exame clínico e mamografia

No Brasil, a Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM), o Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem (CBR) e a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO) recomendam a mamografia anual para as mulheres a partir dos 40 anos de idade. O que difere da recomendação do Ministério da Saúde, que preconiza o exame a cada dois anos, a partir dos 50 anos.

Mamografia é essencial para diagnóstico preventivo do câncer de mama
Créditos: choja/istock
Mamografia é essencial para diagnóstico preventivo do câncer de mama

O exame clínico, porém, é um denominador comum entre as entidades que o recomendam ser feito anualmente a partir dos 40 anos, independente de sintomas.

Já mulheres consideradas de alto risco devem procurar acompanhamento individualizado. Este grupo inclui aquelas com história familiar de câncer de mama em parente de primeiro grau antes da pré-menopausa.

Além disso, vale dizer que é indicado que todas as mulheres visitem o ginecologista pelo menos uma vez por ano.

Câncer de mama

De acordo com o INCA, o câncer de mama é o tipo da doença mais comum entre as mulheres no mundo e no Brasil, depois do de pele não melanoma.

De acordo com a SBM, a doença que causa uma proliferação anormal e desordenada das células do tecido mamário, se desenvolve em decorrência de alterações genéticas. Porém, isso não significa que os tumores da mama são sempre hereditários.

Tumores benignos e malignos

Um tumor pode ser benigno (não perigoso para a saúde) ou maligno (tem o potencial de ser perigoso). Os benignos não são considerados cancerígenos: suas células têm aparência próxima do normal. Elas crescem lentamente e não invadem os tecidos vizinhos, nem se espalham para outras partes do corpo.

Já os tumores malignos são cancerosos. Caso suas células não sejam controladas, podem crescer e invadir tecidos e órgãos vizinhos, eventualmente se espalhando para outras partes do corpo. O câncer de mama consiste em um tumor maligno que se desenvolve a partir de células da mama.

Além de exames clínicos e mamografia, as recomendações para prevenir o câncer de mama incluem adoção de uma dieta equilibrada, rica em alimentos de origem vegetal como frutas, legumes, verduras, cereais integrais, feijões e outras leguminosas, e pobre em alimentos ultraprocessados. Também é recomendável evitar o fumo e adotar a prática regular de exercícios físicos,  já que o excesso de peso aumenta o risco de desenvolver a doença.

Com informações da Agência Brasil e da Sociedade Brasileira de Mastologia.