Por que, segundo especialistas, esta bebida ajuda a prevenir o Parkinson

Estudo revela que, quanto maiores os níveis de substância encontrada em bebida, menor era o risco de desenvolver a doença

11/12/2024 21:00

Pesquisadores encontraram propriedades neuroprotetoras nos resíduos de uma bebida, que podem mudar o combate a Alzheimer e Parkinson – sudok1/istock
Pesquisadores encontraram propriedades neuroprotetoras nos resíduos de uma bebida, que podem mudar o combate a Alzheimer e Parkinson – sudok1/istock - sudok1/istock

Um estudo recente, publicado na renomada revista Neurology, trouxe novas perspectivas sobre como um hábito comum pode proteger o cérebro. Pesquisadores de diferentes partes do mundo uniram esforços para investigar a relação entre o consumo de café e a menor probabilidade de desenvolver a doença de Parkinson.

A pesquisa, baseada em dados de mais de 184 mil pessoas acompanhadas por uma média de 13 anos, revelou um padrão intrigante: aqueles que consumiam café regularmente apresentavam um risco significativamente menor de serem diagnosticados com Parkinson, em comparação com os que evitavam a bebida.

Qual a relação entre a bebida e o Parkinson? 

Os cientistas foram além das estatísticas tradicionais: analisaram amostras sanguíneas de centenas de pacientes com Parkinson, medindo os níveis de cafeína e seus metabólitos, como paraxantina e teofilina. Surpreendentemente, encontraram uma associação inversa clara: quanto maiores os níveis dessas substâncias, menor era o risco de desenvolver a doença.

Embora a ligação entre café e Parkinson não seja novidade, este estudo inova ao explorar biomarcadores da ingestão de cafeína muitos anos antes do diagnóstico.

Os resultados mostram que o quartil superior de consumidores de café tinha 40% menos probabilidade de desenvolver Parkinson em comparação aos não consumidores. Dependendo do país, essa redução de risco variava entre 5% e 63% entre os participantes do estudo.

Desafios e hipóteses

Apesar dos resultados promissores, os cientistas ressaltam que ainda não há provas definitivas de que o café seja uma “cura milagrosa”. Fatores como tabagismo e consumo de álcool foram controlados na análise, mas a relação direta de causa e efeito permanece incerta. A hipótese predominante é que a cafeína contribua para manter o fluxo de dopamina no cérebro – uma substância essencial que diminui drasticamente em pessoas com Parkinson devido à morte de neurônios na substância negra.

“Os efeitos neuroprotetores observados estão em linha com nossas descobertas, que apontam para uma relação inversa entre cafeína, paraxantina, teofilina e a incidência da doença de Parkinson”, afirmam os autores do estudo.

Entendendo o Parkinson

O Parkinson é uma condição neurodegenerativa progressiva que afeta o sistema nervoso central, causando tanto sintomas motores quanto não motores. Entre os sinais mais conhecidos estão tremores em repouso, rigidez muscular, lentidão de movimentos (bradicinesia) e dificuldades de equilíbrio.

Além disso, os pacientes frequentemente enfrentam desafios não motores, como depressão, distúrbios do sono, problemas cognitivos e alterações no sistema nervoso autônomo. A ciência ainda busca compreender completamente as causas do Parkinson, mas acredita-se que fatores genéticos e ambientais desempenhem papéis cruciais. Exposições a toxinas, por exemplo, são frequentemente apontadas como potenciais gatilhos.

Como é feito o diagnóstico?

O diagnóstico de Parkinson baseia-se principalmente na análise clínica dos sintomas. Embora exames de imagem e testes laboratoriais sejam utilizados para descartar outras condições, ainda não há um teste específico que confirme o diagnóstico com 100% de certeza.