Café: amigo ou inimigo do cérebro? Novo estudo acende alerta

Será que o consumo exagerado de café pode acelerar o desgaste do cérebro?

Por André Nicolau em parceria com Anna Luísa Barbosa (Médica - CRMGO 33271)
13/12/2024 11:00 / Atualizado em 19/12/2024 20:55

Será que o consumo exagerado de café pode acelerar o desgaste do cérebro?  – kittyfly/Depositphotos
Será que o consumo exagerado de café pode acelerar o desgaste do cérebro?  – kittyfly/Depositphotos

Por anos, o café foi celebrado como um aliado da saúde, com promessas que iam desde impulsionar o foco até reduzir o risco de doenças como o Alzheimer.

Porém, uma pesquisa apresentada na Conferência Internacional da Associação de Alzheimer (AAIC) 2024 lança um olhar crítico sobre a bebida favorita de milhões: será que o consumo exagerado de café pode acelerar o desgaste do cérebro?

A descoberta

O estudo acompanhou 8.451 adultos com idades acima de 60 anos (média de 67,8 anos), analisando os efeitos do café e do chá no declínio cognitivo. A maioria dos participantes era mulher (60%) e de etnia branca (97%). Eles foram classificados em três categorias: alto consumo (quatro ou mais xícaras diárias), moderado (uma a três xícaras) e ausência de consumo.

Surpreendentemente, os resultados mostraram que quem consumia mais de três xícaras de café por dia apresentava um declínio cognitivo mais acelerado em comparação com aqueles que evitavam a bebida.

Um olhar sobre o chá

Enquanto o café parecia cobrar um preço alto para os grandes consumidores, o chá contou outra história. Indivíduos que tomavam de uma a três xícaras por dia, ou até mais, mostraram um menor declínio cognitivo, sugerindo que essa bebida pode ser um aliado cerebral a longo prazo.

A ciência por trás dos números

As avaliações cognitivas realizadas durante o estudo incluíram testes de memória, inteligência fluida (capacidade de resolver problemas e reconhecer padrões) e tempo de reação.

Embora a relação entre café e declínio cognitivo tenha emergido de forma clara, os pesquisadores destacam que o estudo é observacional. Isso significa que, embora existam associações, ainda é cedo para conclusões definitivas.

Outro dado interessante foi a relação do consumo de café com fatores genéticos. Cerca de 26% dos participantes possuíam o gene APOE e4, conhecido por aumentar o risco de Alzheimer, o que pode ter influenciado os resultados.

O que isso significa para os amantes do café?

Antes de abandonar sua xícara de café da manhã, vale lembrar que a moderação é a chave. Estudos anteriores continuam apontando benefícios associados ao consumo moderado da bebida. Contudo, exagerar no café pode não ser tão inofensivo quanto parece, especialmente com o passar dos anos.

Por outro lado, talvez seja hora de dar mais atenção ao chá — uma bebida que, segundo as evidências, pode oferecer um suporte cerebral mais consistente.

A mensagem final? Seu cérebro é tão único quanto suas preferências. Encontrar o equilíbrio pode ser a melhor forma de preservar sua saúde mental enquanto aproveita suas bebidas favoritas.