Estudo mostra como a respiração pode avisar sobre câncer de pulmão

Pesquisa revela que a análise da respiração pode ajudar na detecção precoce do câncer de pulmão, sendo um método não invasivo e promissor

Por Caroline Vale em parceria com Anna Luísa Barbosa (Médica - CRMGO 33271)
13/11/2024 21:15 / Atualizado em 27/11/2024 21:07

A ciência tem avançado muito em tecnologias para detectar doenças de forma mais precoce e menos invasiva. Em um novo estudo publicado recentemente, pesquisadores desenvolveram sensores altamente sensíveis que conseguem analisar o ar expirado para identificar possíveis sinais de câncer de pulmão.

Respiração pode avisar sobre câncer de pulmão? Entenda como
Respiração pode avisar sobre câncer de pulmão? Entenda como - Staras/istock

A descoberta, publicada no jornal ACS Sensors, tem o potencial de melhorar a triagem não invasiva da doença.

Como a respiração pode indicar sinais da doença?

O ar que expiramos carrega compostos químicos e gases que refletem o que acontece dentro do nosso organismo.

No caso do câncer de pulmão, foi observado que uma substância específica, o isopreno, tende a apresentar níveis mais baixos na respiração de pessoas com a doença.

Essa descoberta foi possível graças ao desenvolvimento de sensores que identificam mudanças sutis nos compostos químicos do hálito.

Como esses sensores funcionam?

Os sensores criados pela equipe de pesquisa são baseados em nanoflocos de óxido de índio e contêm platina e níquel, formando um tipo chamado Pt@InNiOx — para a platina (Pt), índio (In) e níquel (Ni).

Esses sensores são capazes de detectar concentrações de isopreno tão baixas quanto 2 partes por bilhão (ppb), uma sensibilidade que ultrapassa a de sensores anteriores usados para monitoramento da respiração. Ou seja, esse sensor pode ser útil para a detecção da doença de forma precoce.

Além de identificar o isopreno com precisão, os sensores foram desenvolvidos para diferenciar esse composto de outros presentes no hálito, mesmo em condições de alta umidade – como ocorre naturalmente na respiração.

Para demonstrar o potencial dos sensores na prática médica, os cientistas montaram um dispositivo portátil de detecção.

Ao testar amostras de respiração de 13 pessoas (cinco delas com câncer de pulmão), o dispositivo conseguiu identificar níveis de isopreno mais baixos, geralmente abaixo de 40 ppb, nos participantes com a doença, enquanto os participantes saudáveis apresentaram níveis acima de 60 ppb.

Futuro do estudo

Os pesquisadores acreditam que essa inovação pode se tornar uma ferramenta promissora para a triagem precoce do câncer de pulmão, especialmente por ser não invasiva.

A tecnologia ainda está em teste e requer estudos adicionais para a validação clínica necessária.

Detectar a doença em estágios iniciais é um dos maiores desafios da medicina, e o uso de um dispositivo portátil que analise a respiração pode simplificar o diagnóstico, beneficiando pessoas em várias partes do mundo.

Sintomas do câncer de pulmão

Para a detectar a doença precocemente, é importante conhecer os sinais de alerta para o câncer de pulmão. Segundo o Ministério da Saúde, eles geralmente não ocorrem até que o câncer esteja avançado, mas algumas pessoas podem apresentar os seguintes sintomas em estágio inicial:

  • Tosse persistente;
  • Escarro com sangue;
  • Dor no peito;
  • Rouquidão;
  • Dificuldade de respirar;
  • Perda de peso e de apetite;
  • Pneumonia recorrente ou bronquite;
  • Cansaço e fraqueza;
  • Nos fumantes, o ritmo habitual da tosse é alterado e aparecem crises em horários incomuns.

Caso você apresente algum desses sintomas, busque orientação médica. Vale lembrar que, embora o tabagismo e a exposição ao fumo passivo sejam os principais fatores de risco, o câncer de pulmão também pode afetar pessoas que nunca fumaram ou que não foram expostas ao tabaco.