Casos de adolescentes com câncer colorretal triplicaram em 20 anos; por quê?

O aumento das taxas de obesidade nas últimas décadas pode estar ligado ao risco de câncer precoce

Casos de câncer colorretal mais que triplicaram em adolescentes nos últimos 20 anos
Créditos: RyanKing999/istock
Casos de câncer colorretal mais que triplicaram em adolescentes nos últimos 20 anos

Recentemente, um estudo apresentado na Digestive Disease Week 2024 destacou uma estatística preocupante: o aumento significativo nos casos de câncer colorretal entre jovens menores de 50 anos, com um enfoque particular nos adolescentes.

Esse dado alarmante reacende discussões importantes sobre saúde pública e prevenção.

Qual o panorama atual do câncer colorretal em adolescentes?

Segundo a pesquisa, a incidência de câncer colorretal entre adolescentes de 15 a 19 anos subiu impressionantes 333% entre 1999 e 2020. Para crianças de 10 a 14 anos, o número é ainda mais alarmante com um aumento de 500% no mesmo período. Em jovens adultos, de 20 a 24 anos, o aumento foi de 185%.

Islam Mohamed, médico residente de medicina interna na Universidade de Missouri-Kansas City e pesquisador principal do estudo, alerta que “o câncer colorretal não é mais apenas uma doença de idosos”. Essa mudança de paradigma sugere a necessidade urgente de novas estratégias de conscientização e detecção precoce.

Quais são os fatores de risco identificados?

No estudo, alguns fatores de risco para o desenvolvimento de câncer colorretal foram destacados, incluindo histórico familiar de doenças inflamatórias intestinais ou de câncer colorretal, obesidade, tabagismo, consumo excessivo de álcool e uma dieta pobre em fibras, mas rica em alimentos ultraprocessados. A pesquisa também aponta para um estilo de vida mais sedentário como um contribuinte potencial para o aumento desses casos.

Por que os jovens estão mais afetados?

A médica Leana Wen, da Universidade George Washington, sugere que o aumento das taxas de obesidade nas últimas décadas pode estar ligado ao risco de câncer precoce. Além disso, a mudança nos hábitos alimentares e o aumento da ingestão de alimentos ultraprocessados podem estar contribuindo para essa tendência preocupante.

Além dos fatores de estilo de vida e genéticos, a detecção precoce permanece um desafio. Atualmente, as diretrizes recomendam que a colonoscopia, principal exame para diagnóstico desse tipo de tumor, comece a partir dos 45 anos. No entanto, os dados alarmantes podem forçar uma revisão dessas recomendações.

Consequências a longo prazo e medidas preventivas

Diante deste cenário, é imperativo implementar medidas preventivas mais agressivas focadas em mudanças dietéticas e incentivo à atividade física entre os jovens. Além disso, é crucial expandir os programas de educação sobre os sintomas do câncer colorretal, possibilitando diagnósticos mais precoces e melhores prognósticos.

As estatísticas apresentadas pelo estudo indicam uma urgente necessidade de repensar as estratégias de saúde pública para enfrentar o aumento das taxas de câncer colorretal entre os adolescentes, um problema que, se não for adequadamente abordado, poderá resultar em consequências devastadoras para as futuras gerações.