Ciclismo sem supervisão médica pode inflamar próstata

São inúmeros os benefícios que o esporte traz para as nossas vidas. O problema é quando a prática é feita sem o acompanhamento de um profissional. Entre as várias complicações nos homens, a inflamação na próstata pode ser traumática. O diagnóstico não é frequente, mas pode acontecer, sim, principalmente para quem pratica ciclismo. É o que alerta o urologista e especialista em saúde masculina e fertilidade, Guilherme Leme.

“A próstata é um órgão bastante protegido, do ponto de vista anatômico. Desta forma, os traumas prostáticos são raros. No entanto, em esportes que envolvem a compressão perineal repetida, como o ciclismo, as estruturas no entorno do órgão tornam-se passíveis de fenômenos inflamatórios”, afirma o urologista. Em geral, os casos estão associados a mais de cinco horas de por dia desse tipo de atividade.

A inflamação ocorre quando a distribuição de peso se torna inadequada, por ajustes imprecisos e quando a magrela é incompatível com a altura do ciclista. Sem saber do risco, o atleta coloca todo o peso do corpo sobre o períneo – quando o recomendado seria a divisão dele com os ombros.

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“Esta sobrecarga pode levar a inflamação crônica com encarceramento do nervo pudendo (que é um nervo localizado junto à próstata), gerando dores bastante incômodas. Quando esta atividade inflamatória se intensifica, podem ocorrer alterações na composição do sêmen, com aumento de leucócitos (que são células típicas da inflamação), o que pode tornar o ambiente seminal prejudicial ao bom funcionamento do espermatozoide”, complementa.

O urologista ressalta, no entanto, que este tipo de situação raramente leva a complicações mais severas, mas com frequência pode explicar ocorrência de dor perineal crônica de difícil localização, algo bastante familiar nos atletas com muitas horas semanais de pedal, independentemente de suas idades.

A melhor forma de prevenção é a prática esportiva supervisionada. Nos esportes de contato, como no futebol ou artes marciais, os iniciantes devem receber atenção especial aos fundamentos esportivos. O uso de equipamento de proteção também ajuda na prevenção. Coquilhas e proteções individuais podem conferir proteção extra, principalmente em ambientes mais competitivos.

“A alternativa não é parar com o hábito e sim, ter atenção às medidas preventivas que às vezes, passam despercebidas. Além disso, vale a pena procurar um especialista no caso do surgimento de qualquer sinal de alerta, como dificuldade ou sangramento ao urinar, desconforto na ejaculação, além de dores na região do períneo e genitais”, finaliza Leme.