Cientistas criam chip capaz de traduzir pensamentos de mulher paralisada em palavras
A interface cérebro-computador demonstrou ser capaz de traduzir a atividade neural em voz simultaneamente
Uma nova tecnologia está revolucionando a comunicação para pessoas paralisadas. Graças a um chip cerebral ultrafino e um sistema avançado de inteligência artificial (IA), uma mulher que perdeu a capacidade de falar pode agora se comunicar novamente em tempo real. O dispositivo captura sinais cerebrais relacionados à fala e os traduz em texto e voz.
Diferente de soluções anteriores, que levavam até 20 segundos para processar a fala, o novo sistema de neuroprótese reduz esse tempo para apenas um segundo. Esse avanço é essencial para tornar a conversação mais fluida e natural, evitando atrasos que poderiam causar frustração e isolamento.
A IA utilizada no implante pode traduzir em média 47 palavras por minuto, e alguns testes alcançaram quase o dobro dessa velocidade. Inicialmente treinada com 1.024 palavras, a tecnologia gradualmente aprendeu a interpretar novos vocabulários a partir dos sinais cerebrais do usuário, ampliando sua eficiência.
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O estudo — fruto de uma parceira entre pesquisadores das universidades de Berkeley e de San Francisco, ambas nos Estados Unidos, — foi publicado na Nature Neuroscience no dia 31 de março.

Como funciona o chip cerebral
O implante é colocado na superfície do cérebro, capturando sinais neurais gerados ao tentar falar. Esses sinais são enviados para um computador que utiliza IA para decodificá-los e transformá-los em palavras e frases compreensíveis.
Para treinar o sistema, a participante do estudo imaginou verbalizar mais de 23.000 palavras e frases curtas. Esse treinamento permitiu que a IA traduzisse sua intenção de fala quase em tempo real. O sistema é tão avançado que consegue sintetizar a própria voz do usuário com base em gravações anteriores à paralisia, proporcionando uma experiência mais natural.
Perspectivas futuras
Embora a tecnologia ainda apresente desafios, como erros em cerca de 50% das palavras decodificadas em conversas longas, os avanços são promissores. O objetivo futuro é melhorar a precisão e permitir que o sistema reconheça automaticamente quando o usuário deseja iniciar ou pausar a fala.
O algoritmo também demonstrou potencial para ser utilizado em outros dispositivos, incluindo aqueles que captam sinais da laringe e outras partes do sistema vocal. Com melhorias adicionais, como o aumento de eletrodos para capturar mais sinais cerebrais e a incorporação de emoção na voz sintetizada, essa inovação pode transformar a forma como pessoas paralisadas se comunicam.