Cientistas editam mutação perigosa de genes em embriões humanos
Cientistas editaram com sucesso pela primeira vez genes em embriões humanos para reparar uma mutação comum e grave que causa doenças, produzindo embriões aparentemente saudáveis, de acordo com estudo publicado nesta quarta-feira, 2.
A pesquisa é um marco importante para a ciência e, embora muito longe do uso clínico, levanta a perspectiva de que a edição de genes possa um dia proteger os bebês de uma variedade de condições hereditárias.
Mas a conquista também é um exemplo dos perigos da engenharia genética humana e renova preocupações éticas de que possa haver tentativas de projetar bebês com certos traços, como maior inteligência ou aptidões físicas.
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Os cientistas têm temido as consequências médicas imprevistas de fazer mudanças no DNA humano. As implicações culturais podem ser tão perturbadoras quanto os riscos, alguns especialistas alertaram que a engenharia genética não regulamentada pode levar a uma nova forma de eugenia, em que as pessoas com meios pagam para ter filhos com “características melhoradas”, como aponta matéria do The New York Times.
O estudo, publicado na revista Nature, vem apenas alguns meses depois que um comitê científico dos Estados Unidos recomendou novas diretrizes para a modificação de embriões.
“Nós sempre dissemos, no passado, que a edição de genes não deveria ser feita, principalmente porque não podia ser feita com segurança. Isso ainda é verdade, mas agora parece que isso poderá ser feito de forma segura em breve”, disse Richard Hynes, pesquisador em câncer do Massachusetts Institute of Technology, que coliderou o comitê de estudos, acrescentando que a pesquisa é “um grande avanço”.
O grupo de cientistas da Oregon Health and Science University (Universidade de Ciências e Saúde de Oregon, dos Estados Unidos), em parceria com colegas da Califórnia, China e Coréia do Sul, relataram que repararam dezenas de embriões, corrigindo uma mutação que causa uma condição cardíaca comum que pode levar a uma morte súbita ao longo da vida.
Caso os embriões com a mutação reparada fossem se desenvolver (tornando-se bebês), eles não só seriam livres dessa doença, como também não a transmitiriam aos seus descendentes.
Serão necessárias muito mais pesquisas antes que o método possa ser testado em ensaios clínicos, além de, atualmente, realizar esse tipo de procedimento para outros propósitos seja inadmissível de acordo com a lei federal americana.
Potencialmente, esse tipo de edição poderia aplicar-se a qualquer uma das mais de 10.000 condições causadas por mutações herdadas específicas, pesquisadores e especialistas dizem que isso pode incluir câncer de mama e ovário ligados a mutações BRCA, bem como doenças como anemia falciforme, fibrose cística ou alguns casos de Alzheimer.