Cientistas identificam bactéria intestinal associada ao Parkinson

Segundo a OMS, 1% da população mundial com idade superior a 65 anos é diagnosticada com a doença

Testes laboratoriais indicaram presença da bactéria em todos voluntários diagnosticados com Parkinson – iStock/Getty Images
Créditos: sudok1/istock
Testes laboratoriais indicaram presença da bactéria em todos voluntários diagnosticados com Parkinson – iStock/Getty Images

Pesquisa realizada na Finlândia descobriu que uma bactéria, frequentemente encontrada no sistema digestivo, pode estar associada ao surgimento da doença de Parkinson.  

 Acredita-se que o microrganismo chamado desulfovibrio (DSV), encontrada em ambientes úmidos e pantanosos, desencadeie um acúmulo de proteínas tóxicas que danificam as células vitais do cérebro.

A descoberta pode abrir caminho para o diagnóstico precoce da doença, ou mesmo retardar seu progresso, conforme explica o autor sênior Per Saris, microbiologista da Universidade de Helsinque, na capital finlandesa. “Nossas descobertas tornam possível rastrear os portadores dessas bactérias nocivas Desulfovibrio”. 

Ele continua. “Consequentemente, eles podem ser alvo de medidas para remover essas cepas do intestino, potencialmente aliviando e retardando os sintomas de pacientes com doença de Parkinson”.

Relação entre a bactéria e o Parkinson 

Publicada na Frontiers in Cellular and Infection Microbiology, o estudo coletou amostras fecais de 10 pacientes com Parkinson e de seus cônjuges saudáveis. Coincidentemente, os testes de laboratório indicaram que todos os pacientes com Parkinson tinham a bactéria em suas fezes, junto com oito de seus parceiros.

As cepas de DSV foram então alimentadas com organismos chamados vermes nematóides – que são conhecidos por fazer cópias da proteína alfa-sinucleína. Acredita-se que um acúmulo dessa proteína desencadeie a condição. Os pesquisadores também alimentaram alguns vermes com a bactéria E-coli como controle.

Os resultados mostraram que vermes alimentados com cepas de DSV de pacientes com Parkinson apresentaram níveis “significativamente” mais altos da proteína, em comparação com aqueles alimentados com as mesmas bactérias de indivíduos saudáveis ​​ou E-coli.

Acredita-se que, com o tempo, a pesquisa possa permitir que os médicos controlem o progresso da doença de Parkinson usando terapias que visam o sistema digestivo e seus nervos circundantes, em vez do cérebro.

As descobertas são significativas, pois a causa do Parkinson permanece desconhecida, apesar das tentativas de identificá-la nos últimos dois séculos.

O que é o Parkinson

Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) mostram que aproximadamente 1% da população mundial com idade superior a 65 anos tem a doença. Os principais sintomas  incluem agitação involuntária de partes específicas do corpo, movimentos lentos e músculos rígidos e inflexíveis.

Outros sinais de Parkinson incluem ainda: instabilidade postural e problemas de equilíbrio.

Esses sintomas podem começar de forma sutil e piorar progressivamente ao longo do tempo, afetando a qualidade de vida do paciente.