Como a caminhada ajuda e retardar o avanço do Parkinson

Pesquisa destaca potenciais benefícios proporcionados por caminhada no controle do Parkinson

Por Maíra Campos em parceria com Anna Luísa Barbosa (Médica - CRMGO 33271)
23/11/2024 17:36 / Atualizado em 27/11/2024 12:00

Publicada na revista Science Advances, pesquisa destaca potenciais benefícios proporcionados por caminhada no controle do Parkinson – iStock/Getty Images
Publicada na revista Science Advances, pesquisa destaca potenciais benefícios proporcionados por caminhada no controle do Parkinson – iStock/Getty Images - Getty Images

O Parkinson, doença neurodegenerativa que atinge aproximadamente 200 mil pessoas no Brasil, pode ter o seu avanço controlado por uma simples caminhada diária. É o que indica estudo conduzido por neurocientistas da Universidade Católica do Sagrado Coração, na Itália, ao concluir que a prática pode reduzir uma proteína relacionada às limitações causadas pela doença e aumenta outra associada à neuroproteção.

Durante quatro semanas, a equipe submeteu um grupo de ratos, na fase inicial de Parkinson, a um experimento em que foi possível observar o aumento dos níveis de BDNF, proteína que promove a sobrevivência dos neurônios e interage com o neurotransmissor glutamato para melhorar a plasticidade cerebral.

Os resultados mostram que a atividade física regular foi capaz de neutralizar a disseminação da proteína alfa-sinucleína, responsável pela disfunção gradual e progressiva dos neurônios na doença de Parkinson.”Nosso estudo fornece evidências claras de que o exercício intensivo é eficaz em neutralizar a disseminação de alfa-syn e na prevenção de déficits sinápticos precoces, melhorando os distúrbios motores e cognitivos em animais parkinsonianos”, explicam os autores.

Ainda de acordo com Paolo Fresco, membro da equipe envolvida no estudo, os efeitos benéficos podem ter uma duração prolongada, que se estendem após a interrupção do treinamento. “Descobrimos um mecanismo inédito que induz efeitos positivos no controle do movimento, os quais podem persistir ao longo do tempo”, afirma.

Concluída a primeira etapa da investigação científica, os pesquisadores estão realizando um ensaio clínico para entender o exercício intensivo e identificar novos marcadores que monitoram a desaceleração do Parkinson e o avanço da doença. Para Fresco, isso poderia levar ao desenvolvimento de tratamentos não medicamentosos complementares às terapias existentes.

Todos os resultados levam a crer na existência de um suporte experimental sólido, que pode consolidar a hipótese de que a atividade física pode atrasar os sintomas do Parkinson. Além disso, hábitos como alimentação saudável, sono regular, gerenciamento de estresse, interação social, atividades de lazer e o cumprimento do plano de tratamento com medicação e acompanhamento médico também são ações indicadas por especialistas.