Como medicamentos para dormir aumentam o risco de demência

Medicamentos como zolpidem e clonazepam aumentam o risco de demência, conforme estudo recente com idosos

Por Thatyana Costa em parceria com Anna Luísa Barbosa (Médica - CRMGO 33271)
10/02/2025 12:01 / Atualizado em 12/02/2025 20:36

Estudo observou efeitos de medicamentos usados para dormir associados ao risco de demência
Estudo observou efeitos de medicamentos usados para dormir associados ao risco de demência - YorVen/istock

Pesquisadores da Universidade da Califórnia-São Francisco publicaram um estudo no Journal of Alzheimer’s Disease apontando que o uso frequente de certos medicamentos para dormir pode elevar o risco de demência em até 79%. A pesquisa alerta especialmente para os efeitos de substâncias como zolpidem, clonazepam, diazepam e alguns antidepressivos.

O estudo, que acompanhou cerca de três mil idosos ao longo de nove anos, revela que o risco é particularmente elevado entre indivíduos brancos. Os especialistas também destacam que tanto o tipo quanto a quantidade de medicamento são fatores determinantes para esse aumento de risco.

Uso de medicamentos para dormir e o aumento da demência

Intitulado Saúde, Envelhecimento e Composição Corporal, o estudo focou em indivíduos sem diagnóstico de demência, com idades entre 65 e 90 anos, e observou que 20% dos participantes desenvolveram a condição ao longo do período analisado. Durante o estudo, 42% dos participantes eram negros e 58% brancos.

De acordo com as evidências, aqueles que usaram medicamentos para dormir com frequência (ou quase sempre) apresentaram um aumento de 79% na probabilidade de desenvolver demência. Este aumento foi mais expressivo entre os participantes brancos, embora também tenha sido notado entre os negros, que utilizavam menos esses medicamentos.

Terapias alternativas e cuidados no uso de medicamentos

O principal autor do estudo, Yue Leng, alertou para a necessidade de cautela ao se recorrer a medicamentos para tratar problemas de sono. Ele sugere que, para casos de insônia, a terapia cognitivo-comportamental seja considerada a primeira linha de tratamento. A melatonina, embora vista como uma alternativa mais segura, ainda carece de mais estudos sobre seus efeitos a longo prazo.

A relação entre medicamentos sedativos e a demência

Estudos prévios já haviam indicado uma possível ligação entre o uso de zolpidem e o desenvolvimento de demência, como o estudo de 2015, que observou os efeitos do medicamento combinado com outras condições de saúde, como hipertensão e diabetes.

O zolpidem, que pertence à classe dos hipnóticos não benzodiazepínicos, é amplamente utilizado para tratar a insônia. Embora eficaz no curto prazo, ele pode levar ao desenvolvimento de tolerância e dependência se usado por longos períodos. Além disso, seu uso pode ocasionar efeitos colaterais, como sonolência diurna e tonturas.

O clonazepam (Rivotril) e o diazepam, medicamentos benzodiazepínicos com propriedades sedativas e ansiolíticas, também são frequentemente prescritos para distúrbios do sono. Contudo, ambos têm efeitos colaterais significativos, como sonolência, perda de memória e dificuldades de coordenação motora, o que reforça a preocupação com seu uso a longo prazo.

 

Sintomas de demência: identificação precoce é crucial

Os sintomas de demência incluem perda de memória, dificuldades de comunicação e mudanças no comportamento. Reconhecer sinais precoces é essencial para tratamento adequado. Com o diagnóstico rápido, é possível melhorar a qualidade de vida do paciente e retardar o avanço da doença, proporcionando mais autonomia e conforto. Clique aqui para saber mais.