Como o TDAH pode favorecer a busca por alimentos na natureza

Este estudo inovador mostra novas descobertas sobre a condição, desafiando percepções convencionais

02/03/2024 13:00

Características semelhantes às do Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) podem ter oferecido uma vantagem evolutiva na busca por comida na natureza, de acordo com um novo estudo da Universidade da Pensilvânia, nos Estados Unidos.

Como o TDAH pode favorecer a busca por alimentos na natureza
Como o TDAH pode favorecer a busca por alimentos na natureza - iSTock

TDAH pode favorecer a busca por alimentos na natureza

A pesquisa, que foi publicada na revista Proceedings of the Royal Society, indica que indivíduos com dificuldade de se concentrar e tendência à inquietude podem desenvolver estratégias mais eficazes na procura por alimentos em comparação com pessoas que apresentam níveis normais de foco.

O estudo

Para a realização da pesquisa, foram reunidos 506 participantes que realizaram um experimento com a ajuda de um programa de computador. Antes do início do teste, todos os participantes responderam a um questionário online para avaliar o nível de concentração e inquietação.

O teste no computador consistia em procurar por frutas escondidas em um cenário que simulava uma floresta. Conforme os resultados, os indivíduos que manifestaram sintomas de TDAH tendiam a explorar novos locais com mais frequência, o que resultava em uma maior quantidade de alimentos encontrados na plataforma online.

TDAH – Sintomas e diagnóstico

O TDAH é o distúrbio comportamental mais comum na infância, atingindo cerca de 5% de todas as crianças. Desse total, 95% apresenta os sintomas antes dos 12 anos de idade.

Neste sentido, os professores costumam ser os primeiros a observar as diferenças de comportamento que indicam a condição.

O diagnóstico do TDAH é clínico, ou seja, não se detecta o distúrbio com exames laboratoriais ou de imagem.

Geralmente, os principais sintomas envolvem desatenção a detalhes e erros, alta distração, desorganização, dificuldade em sustentar atenção, resistência a instruções, regras e prazos, relutância a tarefas que exigem esforço mental contínuo, tendência a perder ou esquecer objetos e dificuldade em automatizar tarefas cotidianas.

No entanto, é importante ressaltar que a dificuldade de focar nem sempre está ligada ao quadro de TDAH. Os resultados dos testes utilizados na pesquisa, por exemplo, não indicam necessariamente a presença do transtorno.

“Se essas características fossem de fato negativas, a seleção natural as teria abolido. Isso sugere que elas devem ter algum benefício”, defendeu o neurocientista David Barack, um dos autores do estudo, em entrevista ao jornal The Guardian.