Composto presente em frutas e legumes ajuda a combater o câncer
Composto, presente em cebolas e maçãs, morangos e pepinos, pode combater diferentes tipos de câncer.
Responsável por diversas atividades anti-inflamatórias, de inibição do estresse oxidativo, neuroproteção e anticâncer, a fisetina é um flavonol vegetal cujos efeitos se manifestam em vários tipos de tumor, como fígado, pulmão, boca, gástrico, colorretal, mama, rim, cervical, entre outras funções.
A relação da fisetina com a manutenção da saúde do nosso corpo está diretamente associada ao consumo de uma dieta rica em frutas e legumes, comprovadamente responsável pela redução do risco de câncer, segundo estudos epidemiológicos.
Por isso, uma série de pesquisas recentes sobre o tema buscou entender como esse flavonoide (com atividade antioxidante), presente em cebolas e maçãs, morangos e pepinos, uvas e caquis, pode combater e prevenir diferentes tipos de tumor.
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Um deles foi publicado no European Journal of Medical Research por pesquisadores chineses, enquanto o outro está disponível na revista Global Medical Genetics e é assinado majoritariamente por autores baseados na China, mas também na Rússia, Iêmen e Estados Unidos.
Os dois estudos, publicados em 2023, têm como objetivo sintetizar o conhecimento existente sobre os mecanismos de ação do composto, além de trazer perspectivas do seu uso no tratamento do câncer.
O poder da fisetina
Muitos benefícios do flavonoide são observados em células tumorais, incluindo a supressão da proliferação, indução de morte celular, redução da angiogênese (a geração de vasos sanguíneos que nutrem o tumor), inibição da migração celular e o aumento dos efeitos da quimioterapia.
De acordo com especialistas, essas propriedades são atribuídas ao envolvimento de numerosas moléculas e vias de sinalização celular, incluindo o fator de crescimento endotelial vascular (VEGF), a proteína quinase ativada por mitógeno (MAPK) e o fator nuclear kappa B (NF-κB), entre outros.
Consequentemente, explicam os autores do artigo do European Journal of Medical Research, o processo de autofagia reduz a resistência à quimioterapia e à radiação, o que é positivo para o tratamento de câncer.
Em busca de respostas
Apesar dos avanços recentes, pesquisas sobre os efeitos da fisetina em tumores ainda são consideradas limitadas, com resultados inconsistentes. Isso porque, enquanto alguns estudos mostram benefícios proporcionados pela fisetina em câncer de próstata, o mesmo não se aplica ao tumor de fígado.
Além disso, as vias de sinalização celular específicas envolvidas na autofagia induzida pela fisetina continuam não sendo muito bem compreendidas.
Do ponto de vista farmacológico, os autores do segundo estudo ressaltam que, embora o uso da fisetina seja uma oportunidade, ainda há diversos desafios a superar.
Além disso, entender a farmacocinética e a toxicidade do composto são essenciais para seu uso clínico. De acordo com o grupo de autores chineses, russos e iemenitas, novos estudos são necessários para elucidar os efeitos em longo prazo, dosagens e potenciais efeitos adversos.
Por fim, investigar os efeitos sinergísticos da fisetina com outros agentes terapêuticos ou modalidades de tratamento poderia aumentar sua eficácia. Isso sem falar no papel junto a imunoterapias e terapias-alvo, que podem oferecer caminhos promissores de tratamento. “Antes de poder ser usado com segurança [em combinação] com outras drogas, a influência da fisetina no metabolismo desses fármacos deve ser mais estudada. Futuros estudos para esclarecer essas questões são necessários”, encerram os autores do artigo da Global Medical Genetics.