Creatina aumenta massa muscular? Estudo da UNSW diz que não e nutricionista esclarece
Estudo sugere que a creatina não aumenta diretamente a massa muscular; nutricionista destaca melhora do desempenho e da recuperação
A creatina é um dos suplementos mais populares entre praticantes de atividades físicas, amplamente utilizada para melhorar o desempenho, aumentar a força e auxiliar no crescimento muscular, dependendo das condições de uso.

No entanto, um estudo recente da Universidade de New South Wales (UNSW), na Austrália, sugere que sua suplementação não acelera o ganho de massa magra durante o treinamento de resistência.
O que diz o estudo australiano?
Publicado na revista Nutrients, o estudo da UNSW analisou 54 adultos saudáveis entre 18 e 50 anos ao longo de um programa de 12 semanas de treinamento de resistência.
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Os participantes foram divididos em dois grupos: um que suplementou 5 gramas de creatina por dia e outro que não fez uso do suplemento. Ambos realizaram três sessões semanais de treinamento supervisionado.
No final da análise, ambos os grupos ganharam cerca de 2 kg de músculo, mas a creatina não fez diferença nesse crescimento. Ou seja, o treino por si só foi o fator principal para o ganho de massa.
A autora sênior do estudo, Mandy Hagstrom, afirmou ao The New York Post que “tomar 5 gramas de suplemento de creatina por dia não faz nenhuma diferença na quantidade de massa muscular magra que as pessoas ganham durante o treinamento de resistência“.
Segundo Hagstrom, a creatina pode causar retenção de líquidos, o que poderia explicar a percepção inicial de aumento muscular. “Nos leva a acreditar que não foi um crescimento muscular real, mas sim uma possível retenção de líquidos“, destacou.
Limitações do estudo
Apesar dos achados da pesquisa, algumas limitações devem ser consideradas. Uma das principais questões é que o estudo não incluiu uma fase de carga da creatina, que geralmente envolve doses iniciais mais altas que 5 gramas para saturar rapidamente os estoques musculares.
Sem essa etapa, os estoques musculares podem ter demorado mais para se saturar, o que pode ter influenciado os resultados no período do estudo.
Além disso, a amostra do estudo foi relativamente pequena e analisada por um período de 12 semanas, o que pode não ter sido suficiente para detectar diferenças significativas no longo prazo.
Outros fatores, como a dieta dos participantes, seu nível de experiência em treinamentos de resistência e a metodologia de medição da composição corporal, também podem ter influenciado os achados.
Essas limitações indicam que mais pesquisas são necessárias para compreender completamente o impacto da creatina no ganho muscular.
Especialista opina sobre o resultado do estudo
Amanda Figueiredo, nutricionista clínica pela USP e pós-graduada em saúde da mulher e reprodução humana pela PUC, afirma que a creatina realmente não é diretamente responsável pelo crescimento muscular, mas tem um papel importante na produção de energia para os músculos.
“A creatina não aumenta massa muscular, mas ela ajuda a levar energia para os músculos, o que pode favorecer o aumento da força muscular. Ela também atua levando água para o músculo, e como o músculo é basicamente feito de água, ela ajuda em sua formação. Mas não que creatina por si só aumenta a massa, é um processo que não pode ser visto isoladamente de uma rotina de treinos“, esclarece a especialista.
Ou seja, embora a creatina não acelere o crescimento muscular, ela pode sim trazer benefícios quando aliada a uma rotina consistente de treinamentos e estratégias nutricionais adequadas.
Portanto, o suplemento segue sendo recomendado para quem busca melhora no desempenho e na recuperação muscular. O segredo está em entender como usá-la da forma correta e alinhada aos objetivos individuais.