Creatina pode ajudar no tratamento da depressão, diz estudo
Substância conhecida pelo uso esportivo pode ter efeitos positivos no tratamento da depressão
A creatina monohidratada é amplamente conhecida por seu uso no meio esportivo, especialmente entre fisiculturistas e atletas de alto desempenho. No entanto, um estudo recente publicado no Science Direct sugere que essa substância pode ter um novo e promissor papel na saúde mental.
De acordo com os pesquisadores, a suplementação diária de creatina, quando aliada à Terapia Cognitiva-Comportamental (TCC), pode contribuir significativamente para a redução dos sintomas da depressão, com efeitos colaterais mínimos.

O que é a creatina e como ela age no cérebro?
A creatina é um composto naturalmente produzido pelo corpo e encontrado em alimentos ricos em proteínas, como carne vermelha e peixes. Sua principal função é fornecer energia para as células, sendo essencial para músculos e também para o cérebro, um dos órgãos que mais consome energia no organismo.
Estudos recentes indicam que a creatina pode desempenhar um papel importante na regulação do humor e na resposta ao estresse. Como o cérebro depende de altos níveis de energia para funcionar corretamente, a suplementação desse composto pode melhorar sua atividade metabólica, favorecendo o tratamento de transtornos psicológicos, como a depressão.
Estudo revela impacto positivo no tratamento da depressão
O estudo analisou 100 pacientes com idades entre 18 e 60 anos, todos diagnosticados com depressão. Eles foram divididos em dois grupos:
- O primeiro grupo recebeu uma dose diária de 5 g de creatina monohidratada e participou de sessões de TCC quinzenais.
- O segundo grupo recebeu um placebo e também passou pelas sessões de TCC.
Após 8 semanas de tratamento, ambos os grupos apresentaram melhora nos sintomas depressivos. No entanto, os pacientes que receberam creatina combinada com a TCC tiveram uma redução mais expressiva na gravidade da depressão. Além disso, 24% dos participantes que tomaram creatina atingiram remissão completa dos sintomas, em comparação com apenas 10% do grupo placebo.
Este estudo se diferencia dos anteriores porque, ao invés de avaliar a creatina como um complemento a medicamentos antidepressivos, ele analisou seu efeito quando combinada com uma intervenção psicológica, a TCC.

Como a creatina pode potencializar a TCC?
Os pesquisadores sugerem que a relação entre a creatina e a TCC pode estar ligada ao funcionamento do córtex pré-frontal, região do cérebro essencial para os processos cognitivos e emocionais. Estudos anteriores apontam que baixos níveis de creatina nessa área podem estar associados a sintomas depressivos. Dessa forma, a suplementação poderia restaurar esses níveis, tornando a terapia psicológica mais eficaz.

Efeitos colaterais e segurança
A creatina já é amplamente estudada e tem um perfil de segurança bem estabelecido. No estudo, não foram observadas diferenças significativas entre os grupos em relação a eventos adversos. Os efeitos colaterais mais comuns foram desconforto gastrointestinal e dores musculares, que diminuíram com o tempo conforme os pacientes se adaptaram à suplementação.
Os pesquisadores ressaltam que mais estudos são necessários para entender se a creatina pode beneficiar outros tipos de tratamentos psicológicos. No entanto, os resultados obtidos até agora indicam que essa substância pode representar um novo caminho para tornar a psicoterapia ainda mais eficiente no combate à depressão.
Anedonia: o sintoma ignorado da depressão que afeta 75% dos pacientes
A anedonia, caracterizada pela perda de interesse ou prazer em atividades antes apreciadas, é um sintoma frequentemente negligenciado da depressão. De acordo com a matéria da Catraca Livre, cerca de 75% dos adultos e jovens com depressão experimentam essa condição, que impacta significativamente a qualidade de vida. Saiba mais aqui!