Cutucar o nariz pode elevar chances de Alzheimer

Bactéria invasora, ligada ao Alzheimer, usa o nariz como rota de entrada ao cérebro

07/10/2024 09:31

Limpar nariz com o dedo pode aumentar chances de Alzheimer
Limpar nariz com o dedo pode aumentar chances de Alzheimer - Depositphotos/ingridat

Pesquisadores da Austrália sugerem que um hábito cotidiano pode estar relacionado ao aumento do risco de Alzheimer, segundo um estudo com camundongos. A prática de cutucar o nariz, aparentemente inofensiva, pode facilitar o acúmulo de proteínas ligadas à doença no cérebro. A pesquisa foi conduzida pela Universidade Griffith, na Austrália, e revelou uma associação entre a lesão no nariz e o aumento de proteínas associadas ao Alzheimer.

Como o hábito de cutucar o nariz pode impactar o cérebro?

De acordo com os cientistas, cutucar o nariz pode danificar o revestimento interno das cavidades nasais, permitindo a entrada de bactérias nocivas. Isso favorece o acesso de microrganismos como a Chlamydia pneumoniae, que utiliza o nervo olfativo como rota para o cérebro. A presença dessa bactéria no sistema nervoso pode desencadear reações que levam ao acúmulo de proteínas betamiloides, um marcador típico do Alzheimer.

A pesquisa realizada com camundongos demonstrou que a Chlamydia pneumoniae, associada a infecções respiratórias como pneumonia, é capaz de atingir o cérebro em um período de 24 a 72 horas. Essa invasão bacteriana resulta em respostas cerebrais semelhantes às encontradas em pacientes com Alzheimer, aumentando a preocupação com o impacto desse hábito aparentemente trivial.

Bactéria invasora e os riscos para o sistema nervoso central

Os pesquisadores descobriram que a Chlamydia pneumoniae pode penetrar no cérebro por meio de danos no epitélio nasal. Essa descoberta é preocupante, já que a bactéria foi encontrada em cérebros de pessoas com demência de início tardio, o que levanta a hipótese de que o mesmo fenômeno observado nos camundongos possa ocorrer em humanos. O professor James St John, co-autor do estudo, alertou sobre a necessidade de mais pesquisas para confirmar a ligação em humanos e sugeriu que a população evite práticas que possam lesionar o nariz, como cutucar ou aparar os pelos nasais.