Depressão pode dobrar o risco de doenças crônicas, aponta pesquisa

Estudo britânico mostra que quem tem depressão tende a desenvolver mais doenças ao longo da vida; impacto emocional compromete autocuidado

30/06/2025 10:01

Pessoas com histórico de depressão apresentam maior probabilidade de desenvolver diversas doenças crônicas ao longo da vida.

Depressão está ligada ao aumento de doenças crônicas, revela estudo.
Depressão está ligada ao aumento de doenças crônicas, revela estudo. - Depositphotos/NoMoreStock

É o que mostra uma ampla pesquisa da Universidade de Edimburgo, na Escócia, publicada no jornal científico PLOS One.

Metodologia do estudo

A pesquisa analisou dados de mais de 172 mil pessoas do Biobanco do Reino Unido, acompanhadas por cerca de sete anos, e focou na relação entre a depressão e multicomorbidades, a presença simultânea de duas ou mais condições de saúde, como doenças cardiovasculares, diabetes, artrite e problemas pulmonares.

Desde o início da análise, participantes diagnosticados com depressão já apresentavam em média três doenças crônicas, enquanto os demais tinham duas.

Ao final do estudo, os que conviviam com o transtorno depressivo mostraram um risco duas vezes maior de acumular novas condições crônicas.

Esses dados se mantiveram mesmo após o ajuste de fatores como tabagismo, sedentarismo e índice de massa corporal.

Transtorno afeta autocuidado e agrava a saúde física

A depressão impacta diretamente a capacidade da pessoa de cuidar da própria saúde. Fadiga, desânimo, alterações no sono e no apetite são sintomas frequentes que dificultam a adesão a tratamentos médicos e o acompanhamento regular de outras doenças.

Isso pode levar à descontinuidade no uso de medicamentos, consultas negligenciadas e falta de ações preventivas, como controle da pressão arterial e do diabetes.

Distúrbios no sono, por exemplo, afetam o equilíbrio hormonal e podem elevar o nível de cortisol, o chamado hormônio do estresse. O excesso dessa substância está associado a doenças metabólicas, cardiovasculares e ganho de peso.

Já as alterações de apetite podem resultar tanto em desnutrição quanto em alimentação desbalanceada, favorecendo o desenvolvimento de novas condições clínicas.

Intervenção precoce pode evitar agravamentos

O estudo reforça a necessidade de identificação precoce e acompanhamento contínuo de pessoas com depressão.

A presença do transtorno não afeta apenas a saúde mental, mas contribui para um efeito cascata que compromete a qualidade de vida e aumenta a carga de doenças ao longo dos anos.

Para reduzir esse impacto, é essencial que o tratamento da depressão seja abrangente e integrado, combinando abordagem médica, suporte psicológico e incentivo a práticas de vida saudáveis, como sono regular, alimentação equilibrada, atividade física e controle do estresse.

O cuidado com a saúde mental, portanto, também é uma estratégia para proteger o corpo de doenças crônicas.