Estudo surpreende com descoberta sobre dengue na gravidez

O Ministério da Saúde já alertou que as gestantes fazem parte do grupo de risco da doença; veja o que diz o estudo

25/04/2024 15:02

Estudo fala de impactos da dengue na gravidez
Estudo fala de impactos da dengue na gravidez - iStock/Zinkevych

Recentemente, pesquisadores da Universidade de Birmingham, na Inglaterra, divulgaram um estudo sobre os impactos da infecção por dengue em mulheres grávidas.

Publicado no American Economic Journal: Applied Economics, o estudo revela dados preocupantes sobre as consequências desta doença não apenas para as gestantes, mas também para o desenvolvimento e saúde de seus bebês.

A dengue, uma doença transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, continua sendo uma grande ameaça global. Segundo o Ministério da Saúde, a orientação é procurar atendimento médico aos primeiros sintomas em grávidas.

Como a dengue afeta a gravidez?

O estudo, conduzido em Minas Gerais, indica que a infecção durante a gestação pode aumentar significativamente o risco de recém-nascidos apresentarem baixo peso.

Os pesquisadores descobriram que o risco de bebês nascidos com muito ou extremamente baixo peso aumenta em 67% e 133%, respectivamente, quando as mães são infectadas por dengue durante a gravidez. Tais condições podem impor desafios significativos logo ao início da vida, afetando negativamente a saúde dos bebês após o nascimento.

Além dos riscos imediatos, o estudo sugere que um baixo peso ao nascer devido à infecção de dengue pode ter consequências de longo prazo nos resultados de saúde na vida adulta.

Livia Menezes, professora assistente de Economia na Universidade de Birmingham e coautora do estudo, enfatiza a importância da conscientização sobre esse impacto profundo.

Maiores riscos de hospitalizações na infância

O estudo também aponta que as crianças afetadas têm uma probabilidade 27% maior de serem hospitalizadas do nascimento até os 3 anos de idade.

Especificamente, no segundo ano de vida, o risco de hospitalização aumenta surpreendentemente para 76%. Estes são dados que reforçam a urgência na luta contra a dengue em áreas endêmicas.

Martin Foureaux Koppensteiner, professor associado de Economia na Universidade de Surrey, comenta sobre a carga para as comunidades. “O impacto é vasto, incluindo custos evitáveis de internações, o que enfatiza a necessidade de políticas públicas mais eficazes e ações de conscientização direcionadas,” explica.

Como Livia Menezes aponta, “à medida que o planeta aquece, é esperado que a dengue se torne ainda mais comum em novas regiões. Este é um desafio global que exige uma resposta rápida e robusta dos governos e organizações internacionais.”

O tratamento da dengue em gestantes é semelhante ao tratamento em pessoas não gestantes, mas há considerações adicionais devido aos riscos envolvidos durante a gravidez.

Qual tratamento para dengue em gestante?

  • Descanso e hidratação: descanso adequado e hidratação são fundamentais. A gestante deve descansar bastante e beber muitos líquidos, como água, sucos naturais e água de coco, para prevenir a desidratação.

  • Controle da febre: o uso de paracetamol (acetaminofeno) é recomendado para controlar a febre, evitando o uso de medicamentos à base de ácido acetilsalicílico (aspirina) ou anti-inflamatórios não esteroides (AINEs), que podem aumentar o risco de sangramento.

  • Monitoramento médico: é essencial o acompanhamento de um profissional de saúde durante todo o curso da doença. Isso pode incluir exames de sangue regulares para monitorar a contagem de plaquetas e outros parâmetros sanguíneos.

  • Assistência médica imediata: se houver sinais de alerta, como dor abdominal intensa, vômitos persistentes, sangramento vaginal ou qualquer outra complicação, a gestante deve procurar assistência médica imediata.

É importante ressaltar que o tratamento específico pode variar dependendo da gravidade dos sintomas e das recomendações do médico.

Em alguns casos, pode ser necessário internamento hospitalar para monitoramento mais rigoroso e tratamento adequado.

Grávidas podem tomar a vacina contra a dengue?

Mulheres grávidas não devem tomar a vacina contra a dengue, de acordo com as diretrizes do Ministério da Saúde e da bula da vacina em uso. Isso se deve ao fato de que a vacina contém vírus vivo atenuado, o que não é aconselhável durante a gravidez.

Além disso, as mulheres que planejam engravidar devem aguardar pelo menos um mês após a vacinação antes de tentarem conceber. Se uma mulher grávida já recebeu a primeira dose da vacina, ela deve interromper a vacinação para a segunda dose.

No caso de exposição ao vírus da dengue durante a gravidez, é importante que a gestante seja monitorada de perto pela equipe médica para garantir sua saúde e a do bebê.

Afinal, como prevenir dengue?

Cuidados individuais: 

  • Usar repelente de insetos regularmente, principalmente em áreas de maior risco. Para as grávidas, o produto deve ter “icaridina” ou “DEET” na composição;
  • Proteger as regiões do corpo que costumam ficar mais expostas ao mosquito, usando, então, camisas de mangas compridas e calças.
Aplicação de repelente protege contra o mosquito da dengue
Aplicação de repelente protege contra o mosquito da dengue - Zigres/istock

Cuidados para ter em casa e evitar a proliferação do vírus:

  • Manter reservatórios ou caixas d’água cobertos com tampas, telas ou capas;
  • Evitar acúmulo de água em recipientes como pneus, latas ou garrafas;
  • Realizar a limpeza regular da caixa d’água;
  • Utilizar telas mosqueteiras em portas e janelas;
  • Coloque areia no prato que fica embaixo dos vasos de planta;
  • Pneus parados devem ter furos, além de ficarem guardados em locais cobertos;
  • Garrafas pet, baldes e outros recipientes vazios também devem ficar em locais cobertos e com a “boca” para baixo;
  • Diariamente, esfregue com água e sabão as cubas de bebedouros;
  • Além disso, mantenha as áreas comuns da casa bem secas;
  • Descarte o lixo adequadamente, mantendo os terrenos livres de entulho e vegetação;
  • Outro ponto citado por especialistas é a verificação das calhas, retirando folhas, galhos e tudo que possa impedir a água de correr por elas;
  • Manter a lixeira fechada;
  • Trocar a água do seu animal de estimação com frequência;
  • Além disso, tampar os ralos também pode ajudar;
  • Por fim, limpar as “bandejas” externas da geladeira e do ar-condicionado.