Dia Nacional do Diabetes: técnica promete suspender insulina
Hoje, 26, é comemorado o Dia Nacional do Diabetes. A data foi criada pelo Ministério da Saúde e a Organização Mundial da Saúde (OMS) para conscientizar os brasileiros sobre a doença que afeta 8,9% de toda a população do País, segundo dados de 2016 divulgados pelo Ministério da Saúde.
Este número corresponde a mais de 18 milhões de pessoas e representa um crescimento de 61,8% em relação a números de 2006. A International Diabetes Federation (IDF- Federação Internacional de Diabetes) aponta que o Brasil é o quarto país com o maior número de adultos diabéticos.
Segundo a endocrinologista do Hospital Santa Paula, Claudia Liboni, o que pode ter provocado este aumento foi a falta de cuidados de rotina com a saúde e o estilo de vida cada vez mais acelerado nas cidades, com pouca atenção à alimentação.
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“Os problemas decorrentes da urbanização, como estresse e falta de tempo, muitas vezes levam o indivíduo à má alimentação e ao sedentarismo que, somados à predisposição genética, podem resultar em sobrepeso/obesidade. Juntos, esses são fatores de risco para o desenvolvimento do diabetes, uma doença crônica e silenciosa com a qual o paciente deverá conviver durante a vida toda”, relata a médica.
Existem diferentes tipos da doença, mas os mais conhecidos são o diabetes tipo 1 e o tipo 2.
O diabetes tipo 1 é uma doença autoimune caracterizada pela falência das células beta no pâncreas e é mais comum em pessoas com idade abaixo dos 35 anos. Já o diabetes tipo 2 – que é responsável por 90% dos casos da doença – ocorre por resistência à ação da insulina, tendo a obesidade como um dos principais responsáveis.
O diabetes também é uma das principais causas de amputações no País, conforme dados da OMS. De todas as amputações que acontecem no Brasil, 70% são em decorrência da doença. E esse problema não se limita ao território brasileiro: a cada um minuto três pessoas ao redor do mundo são amputadas por causa de complicações do diabetes.
Avanços no com bate à doença
Uma das iniciativas mais promissoras no combate do diabete tipo 1 vem sendo desenvolvida por cientistas brasileiros desde 2003 na Unidade de Terapia Celular do Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto, da Universidade de São Paulo (USP).
A técnica foi desenvolvida por Júlio Voltarelli e, após sua morte, em 2012, passou a ser defendida pelo endocrinologista Carlos Eduardo Couri. “Conseguimos algo que ninguém imaginava ser possível: suspender a insulina de pessoas com diabete tipo 1”, diz em entrevista ao R7.
O processo consiste em coletar células-tronco da medula óssea do paciente. Em seguida, uma agressiva quimioterapia é usada para destruir o sistema imunológico. As células-tronco são então reintroduzidas no paciente, “reiniciando” o sistema imunológico, que para então de atacar o pâncreas, eliminando a necessidade de injeções de insulina.
“Na primeira fase do estudo, entre 2003 e 2011, tratamos 25 pacientes e 21 pararam de usar insulina, um resultado inédito no mundo. A longo prazo, porém, apenas dois permanecem sem precisar das injeções”, explica Júlio.
Segundo o endocrinologista isso não sinaliza que o resultado foi negativo, já que a maior parte dessas pessoas chegou a ficar 10 anos sem usar insulina e os que precisaram voltar a aplicar fazem uso de apenas uma injeção por dia. A pesquisa entrará agora em nova fase, usando uma quimioterapia ainda mais agressiva.
Como identificar?
Claudia Liboni explica que o diabetes tipo 1 pode incluir sintomas como excesso de sede, perda de peso repentina e acelerada, fome exagerada, cansaço, vontade de urinar com frequência, problemas na cicatrização, visão embaçada e, em alguns casos, vômitos e dores estomacais.
Já o diabetes tipo 2 é o tipo mais comum. A maioria dos casos não apresenta sintomas, exceto quando a glicemia está muito elevada, aí podem apresentar-se os mesmos sintomas do diabetes tipo 1.
Mulheres são mais suscetíveis
Números divulgados pelo Ministério da Saúde mostram que o diabetes afeta mais mulheres do que homens. Enquanto 7,8% dos brasileiros foram diagnosticados com a doença, 9,9% das mulheres do País apresentam diabetes.
“O diabetes exerce um impacto maior nas artérias femininas do que nas masculinas. O fato é comprovado cientificamente, mas ainda não se sabe a razão”, relata a médica.
Impotência sexual masculina
O aumento da quantidade de açúcar no sangue, em médio prazo, pode causar lesões nos vasos sanguíneos e nervos, que são os principais elementos responsáveis pela ereção do pênis.
“O tratamento do diabetes, assim como o controle do peso e da pressão arterial, é muito importante para a melhora da ereção. Como em alguns casos a disfunção sexual de origem diabética pode apresentar também fatores psicológicos, torna-se necessário um apoio psicológico, inclusive de seu médico e da parceira” explica Liboni.
O primeiro passo para o paciente diabético que esteja sofrendo com a impotência é controlar os níveis de açúcar no sangue de forma rápida e efetiva. Com medicamentos e mudança no estilo de vida o paciente pode reassumir a atividade sexual, diminuindo os sintomas da impotência.
“Todo homem deve ter em mente que o diabetes é uma doença silenciosa e quando começam a aparecer os sintomas de disfunção erétil é porque a doença já tem alguns anos de evolução. Após os 40 anos, é recomendável consultar regularmente um urologista. Se o médico detectar alguma alteração na glicemia, será solicitado um acompanhamento endocrinológico para iniciar um tratamento preventivo com o intuito de evitar transtornos no futuro” explica a endocrinologista do Hospital Santa Paula.
Estudos internacionais apontam que 50% dos homens relatarão algum episódio de impotência sexual nos seis primeiros meses após o diagnóstico de diabetes. Mesmo assim, a impotência sexual pode ser bem controlada em quase todos os homens portadores da doença.
Prevenção e tratamento
O tratamento inclui medicações de uso oral e opções injetáveis, como a insulina. Há vários tipos de insulina no mercado, algumas de ação rápida, outras de ação lenta, e a combinação delas são necessárias em alguns casos. Associado ao uso das medicações é preciso fazer uma dieta com carboidratos complexos (farinha integral e sem açúcar), perder peso quando for o caso e realizar atividades físicas, tanto aeróbicas quanto anaeróbicas, explica a endocrinologista.