Dieta com menos proteína pode frear câncer colorretal

Estudo revela que restrição de aminoácidos desacelera crescimento de tumores

30/07/2025 16:05

A relação entre alimentação e saúde sempre foi tema de debate, mas agora a ciência está indo além do “comer bem”. Um novo estudo publicado na revista Gastroenterology aponta que uma dieta com baixo teor de proteínas pode ajudar a frear o crescimento do câncer colorretal —um dos tipos mais comuns e letais da doença.

A pesquisa foi conduzida pelo Rogel Cancer Center, da Universidade de Michigan, e traz uma abordagem inovadora: “matar de fom” as células tumorais. Isso mesmo. Ao reduzir a ingestão de aminoácidos —os blocos que formam as proteínas— os cientistas observaram que as células cancerígenas perdem força e deixam de se multiplicar.

Uma dieta com baixo teor de proteínas pode ajudar a interromper o crescimento do tumor do câncer colorretal
Uma dieta com baixo teor de proteínas pode ajudar a interromper o crescimento do tumor do câncer colorretal - iStock/ fcafotodigital

Mas calma: não é para sair cortando a proteína do prato por conta própria. Os pesquisadores alertam que essa estratégia deve ser usada com cautela e sempre como complemento ao tratamento convencional, como quimioterapia e radioterapia.

O que acontece dentro das células

O segredo por trás da dieta está em um complexo celular chamado mTORC1, conhecido como “interruptor mestre” do crescimento celular. Ele é ativado quando há nutrientes disponíveis, estimulando a divisão das células. No caso do câncer colorretal, essa ativação contribui diretamente para a progressão do tumor.

Ao limitar a ingestão de proteínas, o mTORC1 perde força. E tem mais: outro regulador chamado complexo GATOR também é afetado, o que intensifica o bloqueio da multiplicação celular. Resultado? As células tumorais entram em colapso e morrem ou deixam de crescer.

Essa descoberta abre caminho para uma nova fronteira na oncologia: usar a nutrição como ferramenta terapêutica. Embora ainda em fase inicial, a abordagem mostra que o que vai ao prato pode ter impacto direto na evolução da doença.

Não é dieta da moda, é ciência

Diferente das dietas populares que prometem milagres, essa estratégia exige acompanhamento médico rigoroso. Isso porque a proteína continua sendo um nutriente essencial, especialmente para pacientes que já enfrentam perda de massa muscular e fraqueza durante o tratamento.

Os especialistas recomendam que a restrição proteica seja aplicada por tempo limitado, idealmente nas fases iniciais da terapia, para potencializar os efeitos dos medicamentos. E sempre com suporte nutricional, para evitar riscos à saúde geral.

Vale lembrar que o câncer colorretal é multifatorial. Genética, estilo de vida, microbioma intestinal e dieta estão todos envolvidos. Por isso, a alimentação deve ser vista como parte de um plano integrado de cuidados, e não como solução isolada.

Um novo olhar sobre o prato

A ideia de que a comida pode ser usada como arma contra o câncer não é nova, mas ganha força com estudos como este. A dieta com baixo teor de proteínas representa uma mudança de paradigma: em vez de apenas nutrir, ela pode interferir diretamente nos mecanismos celulares que sustentam o tumor.

Ainda são necessários mais testes clínicos para validar a eficácia e segurança da abordagem em larga escala. Mas os resultados iniciais são promissores e indicam que, no futuro, a nutrição pode deixar de ser coadjuvante e assumir papel de protagonista no tratamento do câncer colorretal.

Enquanto isso, vale reforçar: qualquer mudança alimentar deve ser feita com orientação profissional. Afinal, quando o assunto é saúde, informação é poder —e equilíbrio é tudo.