Novo dispositivo permite ‘ouvir’ um sintoma precoce de Alzheimer

O dispositivo pode detectar indícios de Alzheimer por meio de vibrações oculares; entenda como a tecnologia pode ajudar no diagnóstico precoce

Por Caroline Vale em parceria com Anna Luísa Barbosa (Médica - CRMGO 33271)
27/11/2024 20:02

A ciência segue avançando na busca por ferramentas que ajudem a identificar precocemente o Alzheimer, uma condição que afeta milhões de pessoas em todo o mundo.

Novo dispositivo pode ajudar a detectar Alzheimer
Novo dispositivo pode ajudar a detectar Alzheimer - peterschreiber.media/istock

Um novo dispositivo intra-auricular, desenvolvido por pesquisadores da Universidade de Dartmouth, nos Estados Unidos, e da École de Technologie Supérieure, no Canadá, surge como uma promessa nesse cenário, permitindo detectar alterações nos olhos que podem indicar os primeiros sinais da doença.

Como o dispositivo funciona?

O aparelho, semelhante a um fone de ouvido, é capaz de “ouvir” vibrações sutis geradas pelos movimentos oculares durante a leitura, chamados de sacadas oculares – que permitem a absorção de informações.

Esses movimentos produzem pequenas vibrações nos tímpanos, que são captadas pelo dispositivo e convertidas em sinais por meio de um microfone embutido. A análise desses sinais pode ajudar os pesquisadores a distinguir padrões associados às fases iniciais do Alzheimer.

“Os movimentos oculares são fascinantes, pois são alguns dos movimentos mais rápidos e precisos do corpo humano, portanto, eles dependem tanto de excelentes habilidades motoras quanto do funcionamento cognitivo”, explicou o pesquisador Arian Shamei, da École de Technologie Supérieure, em comunicado.

Alterações nesse processo, como dificuldades para mover rapidamente o olhar em direção a objetos na periferia da visão, são mais comuns em pessoas com Alzheimer ou comprometimento cognitivo leve.

Em que estágio está a pesquisa?

O dispositivo ainda está em fase de testes. Para validar sua eficácia, os cientistas realizaram estudos com dois grupos: um formado por 35 pessoas com Alzheimer precoce ou comprometimento cognitivo leve, e outro composto por 35 participantes sem alterações cognitivas.

A ideia é refinar a tecnologia para que ela possa ser integrada a aparelhos auditivos, oferecendo monitoramento contínuo e de longo prazo.

De acordo com os pesquisadores, a meta é criar algoritmos avançados que permitam a detecção precoce de doenças neurodegenerativas de forma não invasiva e acessível.

Vale destacar que identificar o Alzheimer em seus estágios iniciais é crucial para melhorar a qualidade de vida dos pacientes. Embora não exista cura, intervenções precoces podem ajudar a retardar a progressão da doença.