Doença de Lyme chama atenção após caso de Bella Hadid
Pouco conhecida no Brasil, doença exige atenção de viajantes a regiões de risco
A recente internação da modelo norte-americana Bella Hadid, 26, por complicações relacionadas à doença de Lyme reacendeu o debate sobre a enfermidade, especialmente em países onde sua ocorrência é rara.
No Brasil, não há registros de casos autóctones da forma clássica da doença, mas existe uma síndrome semelhante, pouco conhecida e de difícil diagnóstico.

Segundo a infectologista Jessica Ramos, do Hospital Sírio-Libanês em São Paulo, a suspeita só costuma ser considerada quando o paciente relata viagens a regiões onde a doença é endêmica, como Estados Unidos, Canadá e países da Europa. Nos EUA, estima-se que cerca de 476 mil pessoas sejam diagnosticadas e tratadas anualmente.
O que causa a doença de Lyme?
A doença de Lyme é causada pela bactéria Borrelia burgdorferi, transmitida pela picada de carrapatos do gênero Ixodes. Esses parasitas se infectam ao se alimentar de animais silvestres e podem transmitir a bactéria aos humanos. A infecção pode se manifestar de forma leve ou evoluir para quadros mais graves, dependendo do tempo de exposição e da resposta imunológica do paciente.
Entre os sintomas iniciais mais comuns estão o eritema migratório — uma mancha avermelhada em formato de alvo que se expande no local da picada —febre baixa, fadiga, dores musculares e articulares, dor de cabeça e aumento dos linfonodos. Essas estruturas fazem parte do sistema linfático e atuam na defesa do organismo. Como os sinais podem ser confundidos com outras doenças, o diagnóstico precoce é um desafio.
O tratamento nas fases iniciais é feito com antibióticos por via oral. Em casos mais avançados, pode ser necessária a administração intravenosa. De acordo com a médica infectologista Jessica Ramos, iniciar o tratamento o quanto antes é essencial para evitar complicações como meningite, neuropatias, paralisia facial periférica, artrite de Lyme —que afeta principalmente os joelhos— e cardite de Lyme, que altera a condução elétrica do coração. Há ainda relatos de sintomas crônicos, como fadiga persistente e dores difusas.
Para quem vive ou viaja a áreas com registros da doença, a recomendação é redobrar os cuidados. A infectologista do Hospital Sírio-Libanês orienta evitar regiões de mata ou gramados altos, usar roupas de manga comprida e calças por dentro das meias, preferir peças de cores claras para facilitar a visualização de carrapatos e aplicar repelentes apropriados. Segundo ela, medidas simples podem reduzir significativamente o risco de exposição.