Doenças dentárias podem encolher parte crucial do cérebro, afirma estudo

Estudo japonês com 172 pessoas revelou a ligação surpreendente entre doenças dentárias e a saúde do cérebro; entenda

Relação entre doenças dentárias e a saúde do cérebro
Créditos: iStock/AndreyPopov
Relação entre doenças dentárias e a saúde do cérebro

Se você achava que a saúde bucal só era relevante para manter seu sorriso bonito, está na hora de repensar essa ideia. Recentemente, pesquisadores japoneses conduziram um estudo indicando uma correlação entre doenças dentárias e diminuição do volume do hipocampo, uma região crucial para a memória e que tende a se degenerar com a doença de Alzheimer.

A pesquisa, publicado na renomada revista Neurology, foi realizada em uma área específica do Japão e contou com a participação de 172 pessoas, todas com uma média de idade de 67 anos e sem problemas de memória no início do estudo.

A avaliação ocorreu ao longo de quatro anos, com exames dentários, testes de memória e varreduras cerebrais realizadas no começo da pesquisa e ao final do período de estudos.

Impacto das doenças dentárias na saúde cerebral dos participantes

Os resultados foram reveladores. Indivíduos com menos dentes e mais doenças periodontais (inflamação do tecido ao redor dos dentes) apresentaram um decréscimo mais rápido do hipocampo esquerdo.

E o mais surpreendente é que essa relação se manifestou tanto em casos de doença periodontal leve quanto grave.

Esses dados sugerem que o gerenciamento e o tratamento dessas condições bucais podem ter um impacto positivo na saúde do cérebro. No entanto, vale ressaltar que o estudo não estabelece uma correlação direta entre as doenças periodontais ou perda dentária e o desenvolvimento do Alzheimer, apesar de ter identificado uma associação entre eles.

De acordo com Satoshi Yamaguchi, um dos líderes da pesquisa, a inflamação periférica crônica, como a causada pela doença gengival, pode aumentar o risco de demência e provocar a atrofia do hipocampo, resultando em encolhimento do cérebro.

“Esses resultados destacam a importância de zelar pela saúde dos dentes e não apenas preservá-los”, ressaltou Yamaguchi.

Como evitar doenças dentárias e proteger o cérebro?

A melhor forma de evitar doenças bucais e possivelmente proteger sua saúde cerebral é adotando uma rotina consistente de cuidados com os dentes e as gengivas.

Isso inclui escovação diária, uso do fio dental e visitas regulares ao dentista. Em casos mais graves, pode ser necessário extrair os dentes afetados por doenças gengivais e substituí-los por próteses.

No entanto, sempre é importante lembrar: nunca inicie um tratamento sem a orientação de um profissional. Seja para a saúde bucal ou cerebral, a automedicação pode trazer mais prejuízos do que benefícios, como é o caso do uso indiscriminado do paracetamol. Então, ao primeiro sinal de problema, procure sempre um especialista.