Em entrevista, Drauzio Varella afirma que aborto no Brasil é ‘livre’ para quem tem dinheiro
Em entrevista à BBC publicada nesta terça-feira, dia 2, Drauzio Varella criticou o uso da religião no debate sobre a legalização do aborto e disse que considera a proibição uma “hipocrisia” já que com dinheiro é possível pagar para fazer o procedimento em condições razoáveis.
De acordo com a Organização Mundial de Saúde, uma brasileira morre a cada dois dias por conta de procedimentos mal feitos e um milhão de abortos clandestinos são feitos no país todos os anos.
O aumento nos casos de microcefalia no país reacendeu o debate sobre o tema e uma ação que pede a descriminalização do aborto em casos comprovados da má-formação deve chegar ao Supremo Tribunal Federal nos próximos dois meses.
Em artigo publicado anteriormente em seu site, o médico já havia levantado a questão de que no Brasil o aborto é “legalizado” para pessoas com melhores condições financeiras.
“Desde que a pessoa tenha dinheiro para pagar, o aborto é permitido no Brasil. Se a mulher for pobre, porém, precisa provar que foi estuprada ou estar à beira da morte para ter acesso a ele. Como consequência, milhões de adolescentes e mães de família que engravidaram sem querer recorrem ao abortamento clandestino, anualmente.”
Drauzio deixa claro que não é um defensor do aborto, afinal, ninguém deseja passar por uma experiência dessas, mas deixa claro que é a favor da liberdade de escolha.
“Não sou defensor do aborto e ninguém é. Qual é a mulher que quer fazer o aborto? É uma experiência absurdamente traumatizante, uma tragédia. A questão não é essa”, explica. “O importante é dar liberdade aos que pensam diferente.”
No vídeo abaixo, ele entrevista o ginecologista e obstetra Jefferson Drezett, coordenador do Ambulatório de Violência Sexual e de Aborto Legal do Hospital Pérola Byington, que fala sobre a lei que criminaliza o aborto, a opinião dos médicos e o papel da religião sobre o assunto: