Entenda os problemas de saúde que levaram à morte do Papa Francisco

O caso do Papa envolveu condições crônicas, histórico pulmonar e infecções respiratórias, que fragilizaram sua saúde

Por Silvia Melo em parceria com Anna Luísa Barbosa (Médica - CRMGO 33271)
22/04/2025 12:33

O Vaticano confirmou na segunda-feira (21) que a morte do Papa Francisco, aos 88 anos, ocorreu em decorrência de um Acidente Vascular Cerebral (AVC) seguido de um quadro de insuficiência cardíaca irreversível.

Segundo o boletim médico oficial, o pontífice entrou em coma e sofreu um colapso cardiocirculatório às 7h35 no horário local (2h35 em Brasília), após complicações de saúde que se agravaram nas últimas semanas.

Francisco liderou a Igreja Católica por 12 anos, desde sua eleição em 2013. Mesmo diante de problemas de saúde recorrentes, manteve-se firme na liderança da Igreja até o fim.

Histórico de problemas de saúde do Papa

O Papa Francisco já convivia com uma condição pulmonar crônica desde a juventude. Nos anos 1950, ainda na Argentina, teve parte de um dos pulmões removida após uma infecção grave. Essa condição de base se tornou um fator de risco significativo com o avanço da idade.

Vaticano diz que a causa da morte do Papa Francisco foi um AVC
Vaticano diz que a causa da morte do Papa Francisco foi um AVC - DorSteffen/istock

De acordo com o cardiologista e clínico geral Dr. Vinicius Carlesso, pessoas idosas com histórico pulmonar comprometido estão mais suscetíveis a complicações respiratórias graves.

“Infecções respiratórias simples podem evoluir rapidamente para quadros como a pneumonia bilateral, principalmente quando há comprometimento do sistema imunológico, como no caso do Papa Francisco.”

A infecção polimicrobiana — causada por múltiplos microrganismos — contribuiu para o agravamento do quadro, culminando em falência respiratória, uma das principais causas de morte entre idosos hospitalizados.

Um histórico médico marcado por fragilidade crescente

Nos últimos anos, o pontífice enfrentou diversos episódios de internações e cirurgias, o que indicava um quadro clínico cada vez mais delicado:

  • 2021: cirurgia no cólon para tratar um estreitamento intestinal;
  • 2023: internação por bronquite e cirurgia abdominal;
  • Osteoartrite que limitava sua mobilidade, exigindo o uso constante de cadeira de rodas e bengala;
  • Diversos episódios de diverticulite, quedas com hematomas e lesões;
  • Internações frequentes por infecções respiratórias.

Essas condições refletiam não apenas o avanço da idade, mas também o enfraquecimento gradual do organismo, conhecido como imunossenescência — a redução natural da resposta imunológica com o envelhecimento.

“O caso do Papa Francisco é um lembrete da importância de acompanhamento contínuo e atenção a sinais respiratórios em pacientes idosos. Há limites fisiológicos que precisam ser respeitados com humanidade e cuidado”, ressalta o Dr. Carlesso.