Entenda por que o café protege o coração e ajuda a prevenir o diabetes

Sim, o café tem cafeína. Mas também carrega um verdadeiro arsenal de compostos protetores

Por André Nicolau em parceria com João Gabriel Braga (Médico - CRMGO 28223)
20/04/2025 16:00 / Atualizado em 23/04/2025 10:13

Sim, o café tem cafeína. Mas também carrega um verdadeiro arsenal de compostos protetores – iStock/a_crotty
Sim, o café tem cafeína. Mas também carrega um verdadeiro arsenal de compostos protetores – iStock/a_crotty - iStock/a_crotty

Por trás do aroma irresistível e do ritual diário de milhões de pessoas ao redor do mundo, o café carrega uma reputação ambígua. De um lado, ele é apontado como o culpado por noites mal dormidas e picos de pressão arterial.

Do outro, um crescente corpo de evidências científicas começa a desvendar os potenciais superpoderes dessa bebida milenar. A cafeína pode até ser a estrela principal, mas o show completo do café vai muito além dela.

Uma revisão recente publicada no respeitado periódico GeroScience mergulhou em 284 estudos para investigar essa dualidade do café – e o resultado foi animador para os fãs da bebida. Os autores encontraram fortes indícios de que o consumo moderado está associado à redução do risco de doenças do coração, diabetes tipo 2, síndrome metabólica e até problemas renais.

“O trabalho traz várias evidências de que o cafezinho faz bem para a saúde, mas, ainda assim, vale frisar que mais pesquisas são necessárias”, ressalta o nutrólogo Celso Cukier, do Hospital Israelita Albert Einstein.

Mais que cafeína

Embora a cafeína esteja no centro das atenções — por sua capacidade de espantar o sono e turbinar a concentração — ela é apenas uma peça do quebra-cabeça. E, curiosamente, também pode atuar como protetora da saúde. Parte da família das xantinas, a substância tem propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias, contribuindo para proteger o endotélio, uma espécie de “tapete celular” que reveste os vasos sanguíneos.

Mas os verdadeiros astros coadjuvantes são os polifenóis, como o ácido clorogênico, com sua ação contra o estresse oxidativo. Outros compostos, como enterodiol e enterolactona, participam da regulação da glicose, ajudando a explicar a menor incidência de diabetes tipo 2 entre consumidores regulares.

E não para por aí. O café também entrega um combo de minerais essenciais: potássio, magnésio e niacina (vitamina B3), todos aliados da saúde cardiovascular.

A dose certa faz o milagre

Claro que, como tudo na vida, o segredo está na moderação. Médicos e diretrizes internacionais geralmente recomendam o consumo de três a quatro xícaras por dia para adultos saudáveis — o que equivale a até 400 mg de cafeína. Para efeito de comparação, uma xícara de 150 ml de café coado contém cerca de 100 mg de cafeína. Já o expresso, mais concentrado, pode chegar a 150 mg em apenas 75 ml.

Exagerar, especialmente no período da tarde, pode atrapalhar o sono. A explicação? A cafeína interfere em neurotransmissores que aumentam o estado de alerta e diminuem a sensação de cansaço. Em outras palavras: bom senso é essencial.

Preparar é uma arte (e tem impacto)

A forma de preparo também influencia nos efeitos do café. O expresso, feito sob alta pressão, concentra mais compostos bioativos. Já o café coado – queridinho dos lares brasileiros – tem a vantagem de filtrar substâncias gordurosas como o cafestol, que podem elevar os níveis de colesterol.

E quando o assunto é adoçar, vale um alerta: açúcar em excesso pode sabotar os benefícios. Para os puristas, o café deve ser tomado puro, saboreando cada nota aromática. Mas se o paladar ainda não está acostumado, um pouco de açúcar pode ser aceito — desde que com parcimônia. “Pacientes com diabetes devem redobrar a atenção”, aconselha Cukier. E lembra: cada grama de açúcar tem quatro calorias, que podem se acumular na balança ao longo do tempo.

O veredito

Sim, o café tem cafeína. Mas também carrega um verdadeiro arsenal de compostos protetores. Quando consumido com moderação e da forma certa, pode ser muito mais amigo do que inimigo da saúde. E se ainda restam dúvidas, a ciência está de olho — e, ao que tudo indica, com uma xícara na mão.

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