Esta bebida pode acelerar a progressão do Alzheimer, diz pesquisa

O uso excessivo de álcool pode agravar o Alzheimer, desencadeando inflamações cerebrais e alterações neuronais

Por Wallace Leray em parceria com Anna Luísa Barbosa (Médica - CRMGO 33271)
19/02/2025 08:01 / Atualizado em 20/02/2025 22:13

A doença de Alzheimer, uma das principais causas de demência no mundo, continua sendo um grande desafio para a ciência. Pesquisadores da Scripps Research realizaram um estudo inovador que sugere uma possível conexão entre o transtorno do uso de álcool e a progressão da doença de Alzheimer. Os resultados, publicados na revista eNeuro, indicam que o consumo excessivo de álcool pode acelerar os danos cerebrais característicos do Alzheimer.

Esta bebida pode acelerar a progressão do Alzheimer, diz pesquisa
Esta bebida pode acelerar a progressão do Alzheimer, diz pesquisa - iStock/cagkansayin

O impacto do estilo de vida no Alzheimer

Embora o envelhecimento e a predisposição genética sejam fatores primários no desenvolvimento do Alzheimer, há um crescente interesse na influência de aspectos do estilo de vida, como a alimentação, a atividade física e o consumo de álcool. O estudo da Scripps Research reforça essa perspectiva, mostrando que o uso excessivo de álcool pode intensificar os mecanismos biológicos ligados à progressão da doença.

O vínculo entre o consumo de álcool e o declínio cognitivo é conhecido há anos, mas essa nova pesquisa vai além, explorando as alterações genéticas e celulares que ocorrem no cérebro de indivíduos com Alzheimer e transtorno do uso de álcool.

O estudo destaca a importância de controlar o consumo de álcool para preservar a saúde cerebral e combater a progressão do Alzheimer.
O estudo destaca a importância de controlar o consumo de álcool para preservar a saúde cerebral e combater a progressão do Alzheimer. - iStock/sudok1

Descobertas do estudo

Os pesquisadores analisaram amostras cerebrais de indivíduos em diferentes estágios do Alzheimer e aqueles com histórico de abuso de álcool. O foco do estudo foi o neocórtex, região do cérebro responsável por funções como memória e tomada de decisão.

Uma das principais descobertas foi a ativação exacerbada de genes inflamatórios em ambos os grupos. O estudo identificou que as microglias, células imunes do cérebro, estavam excessivamente ativas, comprometendo a barreira hematoencefálica e permitindo a entrada de substâncias prejudiciais, que podem acelerar o declínio cognitivo.

Além disso, tanto os indivíduos com Alzheimer quanto aqueles com transtorno do uso de álcool apresentaram redução na expressão de genes fundamentais para a comunicação neuronal. Essa alteração foi especialmente evidente nos estágios avançados da doença e nos indivíduos com histórico prolongado de consumo excessivo de álcool.

Outro aspecto observado foi a deterioração da rede vascular cerebral, comprometendo a distribuição de oxigênio e nutrientes essenciais ao funcionamento neuronal.

A pesquisa da Scripps Research revela como o consumo excessivo de álcool pode acelerar o declínio cognitivo em pacientes com Alzheimer.
A pesquisa da Scripps Research revela como o consumo excessivo de álcool pode acelerar o declínio cognitivo em pacientes com Alzheimer. - iStock/haydenbird

O papel do álcool na progressão do Alzheimer

O estudo sugere que o consumo excessivo de álcool pode ser um fator de risco significativo para o agravamento do Alzheimer. A exposição prolongada ao álcool parece amplificar os processos inflamatórios e as disfunções sinápticas associadas à doença, acelerando a neurodegeneração.

Apesar dos achados importantes, os pesquisadores alertam que o conjunto de dados para o transtorno do uso de álcool ainda é limitado e sugerem a necessidade de estudos adicionais com amostras maiores e diversificadas. No entanto, as evidências destacam a importância de adotar hábitos saudáveis para preservar a função cognitiva ao longo da vida.

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