Este hábito alimentar pode ser um sinal de de demência

Mudanças alimentares podem ser um sinal precoce da demência frontotemporal

Por Wallace Leray em parceria com João Gabriel Braga (Médico - CRMGO 28223)
20/02/2025 08:02

A demência frontotemporal (DFT) é uma condição rara que afeta os lobos frontal e temporal do cérebro, comprometendo aspectos essenciais da personalidade, comportamento e linguagem. Diferente de outras formas de demência, seus primeiros sintomas nem sempre estão ligados à perda de memória, mas sim a mudanças comportamentais significativas, incluindo alterações na relação do paciente com a alimentação.

Este hábito alimentar pode ser um sinal de de demência (Foto usada apenas para fins ilustrativos. Posada por profissional)
Este hábito alimentar pode ser um sinal de de demência (Foto usada apenas para fins ilustrativos. Posada por profissional) - Depositphotos/HayDmitriy

Comportamentos alimentares atípicos na DFT

Pesquisas indicam que indivíduos com demência frontotemporal podem desenvolver padrões alimentares obsessivos e incomuns. Um estudo da Escola Internacional de Estudos Avançados (SISSA) descreve algumas dessas alterações, que incluem:

  • Hiperfagia: aumento excessivo do apetite, levando ao consumo exagerado de alimentos sem controle.
    Fixação em um único tipo de alimento: recusa em ingerir qualquer outra comida além de um determinado item. Por exemplo, um caso documentado descreve uma paciente que passou meses consumindo apenas bananas e leite.
  • Ingestão de objetos não alimentares: alguns pacientes confundem itens não comestíveis com comida e os ingerem.
  • Roubo de comida: comportamento compulsivo que leva o paciente a pegar alimentos do prato de outras pessoas sem perceber que isso é inadequado.

Esses sintomas são diferentes dos padrões alimentares vistos em outras condições neurológicas e podem ser um indício importante para o diagnóstico precoce da DFT.

Pacientes com DFT podem desenvolver fixação por um único tipo de alimento.
Pacientes com DFT podem desenvolver fixação por um único tipo de alimento. - Depositphotos/lisafx

O que causa essas mudanças alimentares?

Os cientistas ainda investigam os mecanismos exatos que levam a essas alterações, mas algumas teorias foram levantadas:

  • Disfunção do sistema nervoso autônomo: alterações na percepção da fome e da saciedade podem fazer com que o paciente coma exageradamente ou não reconheça quando está satisfeito.
  • Danos ao hipotálamo: essa região do cérebro está diretamente envolvida no controle da alimentação. Quando comprometida, pode levar a uma perda do controle inibitório sobre a ingestão de alimentos.
  • Deficiências cognitivas e sensoriais: a incapacidade de diferenciar objetos e reconhecer sua função adequada pode fazer com que os pacientes ingiram itens inadequados.
O reconhecimento precoce de mudanças na alimentação pode auxiliar no diagnóstico da DFT.
O reconhecimento precoce de mudanças na alimentação pode auxiliar no diagnóstico da DFT. - Depositphotos/AllaSerebrina

Diagnóstico e tratamento

Reconhecer essas alterações alimentares pode ser essencial para um diagnóstico precoce da demência frontotemporal. Médicos e familiares devem estar atentos a mudanças bruscas nos hábitos alimentares, pois podem ser sinais de condições neurológicas graves.

Atualmente, não existe cura para a DFT, mas algumas abordagens podem melhorar a qualidade de vida dos pacientes. O tratamento inclui acompanhamento médico, terapia ocupacional e estratégias nutricionais para garantir que a alimentação seja equilibrada e segura.

Se você ou alguém próximo apresenta alterações extremas no comportamento alimentar, consultar um profissional de saúde é essencial para uma avaliação adequada.

Medicamentos e demência

Um estudo citado pelo Catraca Livre revelou que três medicamentos comuns podem aumentar o risco de demência. O uso prolongado de antidepressivos tricíclicos, anticolinérgicos e remédios para incontinência urinária está associado a um declínio cognitivo acelerado. A descoberta reforça a importância do acompanhamento médico para evitar impactos neurológicos a longo prazo. Veja mais aqui!