Este hábito inesperado pode ajudar na perda de peso, aponta estudo

Quando o objetivo é emagrecer, a primeira estratégia costuma ser cortar alimentos e seguir uma dieta restritiva. Mas lidar com os desejos por determinados alimentos nem sempre é fácil — e, segundo um novo estudo, ceder a eles, de forma controlada, pode, na verdade, ajudar no processo de emagrecimento.

Os desejos alimentares não são apenas “coisas da cabeça”. Eles são respostas biológicas reais, caracterizadas por vontades intensas de consumir certos alimentos, muitas vezes dificultando a adesão a dietas restritivas.

Reconhecendo isso, pesquisadores da Universidade de Illinois (EUA) investigaram se os desejos poderiam, na verdade, colaborar na perda de peso, desde que bem administrados.

Como foi feito a pesquisa?

O estudo acompanhou 30 pessoas, com idade média de 53 anos e IMC médio de 36 (classificado como obesidade). O objetivo era observar como os desejos alimentares mudavam ao longo de um programa de emagrecimento de 12 meses, seguido de mais 12 meses de manutenção.

Os participantes foram orientados a reduzir 5% do peso corporal, com acompanhamento nutricional online, três consultas individuais e feedbacks semanais. A proposta incluía ensinar a montar refeições equilibradas, aumentar o consumo de proteínas e fibras, e criar um pequeno déficit calórico — sem cortar totalmente os alimentos desejados.

Além disso, aprenderam estratégias para lidar com os desejos, como manter alimentos tentadores fora de vista e estabelecer rotinas alimentares. Um dos principais focos foi a “estratégia de inclusão”: consumir pequenas porções dos alimentos preferidos dentro de refeições balanceadas, ao invés de proibir totalmente.

Pesagens diárias eram feitas em balanças conectadas por Wi-Fi, permitindo que os pesquisadores monitorassem os resultados.

O que o estudo descobriu?

Ao final de 24 meses, 20 participantes concluíram o programa. Aqueles que perderam mais de 5% do peso apresentaram redução significativa nos desejos alimentares — especialmente por doces, carboidratos e gorduras. Essa melhora se manteve no segundo ano.

Por outro lado, quem não atingiu a meta não apresentou mudanças relevantes nos níveis de desejo.

O estudo também derrubou a antiga ideia da “célula de gordura faminta” — a teoria de que, ao emagrecer, as células sinalizam fome para serem preenchidas novamente. Segundo o pesquisador Manabu Nakamura, manter um peso saudável ajuda a controlar os desejos, sem que eles aumentem ao longo do tempo.

Outro ponto observado foi que quem manteve horários regulares para se alimentar teve melhores resultados na perda de peso. A consistência nas refeições ajuda a evitar picos de fome e vontade exagerada de comer.

O que podemos tirar de aprendizado

Por ser um estudo pequeno, com apenas 20 participantes na fase final, os dados mostram correlação, não necessariamente causa. Além disso, fatores como atividade física, sono e estresse não foram avaliados.

O estudo reforça que todos os alimentos podem fazer parte de uma dieta saudável. Manter uma rotina alimentar equilibrada, sem longos períodos de jejum ou restrições severas, ajuda a controlar desejos e a emagrecer de forma sustentável.

Atender moderadamente aos desejos não é sinal de fraqueza, e sim uma estratégia eficiente para evitar compulsões e manter uma alimentação saudável no longo prazo. Combinar isso com sono adequado, controle do estresse, exercícios físicos e relações sociais saudáveis potencializa os resultados e promove bem-estar.

Evitar dietas restritivas e permitir pequenas indulgências, dentro de uma alimentação equilibrada, favorece não só a perda de peso, como também a manutenção dos resultados e da saúde de forma geral.