Estudo aponta qual faixa etária que o risco de câncer diminui

Pesquisadores analisam o papel do ferro e da proteína NUPR1 na incidência de tumores em idosos

Por Wallace Leray em parceria com Anna Luísa Barbosa (Médica - CRMGO 33271)
22/02/2025 10:01

O câncer é uma doença associada ao envelhecimento, principalmente devido ao acúmulo de mutações genéticas ao longo da vida. No entanto, um estudo publicado na revista Nature trouxe uma descoberta surpreendente: após os 80 anos, o risco de desenvolver câncer tende a diminuir. Pesquisadores do Memorial Sloan Kettering Cancer Center (MSK) analisaram esse fenômeno e identificaram mecanismos biológicos que podem explicar essa redução.

Estudo aponta qual faixa etária que o risco de câncer diminui
Estudo aponta qual faixa etária que o risco de câncer diminui - iStock/koto_feja

Quando o risco de câncer é maior?

A pesquisa indicou que o risco de câncer atinge seu pico por volta dos 70 anos. Isso ocorre porque, ao longo das décadas, as células sofrem danos acumulativos que favorecem a formação de tumores. Tipos de câncer como o de pulmão são particularmente comuns nessa fase da vida. No entanto, os cientistas notaram que, após os 80 anos, a incidência de novos casos começa a diminuir, indicando que o corpo passa por mudanças celulares que limitam o crescimento tumoral.

A perda da capacidade regenerativa celular

Uma das principais explicações para essa redução está na diminuição da capacidade regenerativa das células envelhecidas. Com o tempo, as células perdem a habilidade de se renovar de maneira eficiente, o que pode dificultar a formação de tumores. A autora principal do estudo, Xueqian Zhuang, destacou que esse fenômeno pode ser um fator protetor contra certos tipos de câncer, uma vez que o crescimento descontrolado de células defeituosas se torna menos provável.

Cientistas analisam como a regeneração celular influencia o risco de câncer em diferentes idades.
Cientistas analisam como a regeneração celular influencia o risco de câncer em diferentes idades. - iStock/Mohammed Haneefa Nizamudeen

O papel do ferro e da proteína NUPR1

O estudo também investigou a influência do ferro e da proteína NUPR1 no processo de envelhecimento celular. Em experiências com camundongos portadores de adenocarcinoma pulmonar, os cientistas observaram que células pulmonares mais velhas agiam como se estivessem com deficiência de ferro, mesmo quando havia ferro suficiente no organismo. Essa alteração prejudicava a capacidade de regenerar novas células, reduzindo o crescimento de tumores.

Os riscos de restaurar a regeneração celular

Apesar de identificar possíveis estratégias para restaurar a capacidade regenerativa celular, como aumentar os níveis de ferro ou reduzir a proteína NUPR1, os cientistas alertaram para os riscos envolvidos. Quando esses processos foram estimulados em camundongos mais velhos, houve um aumento significativo na propensão ao câncer. Isso sugere que a tentativa de reverter os efeitos do envelhecimento celular pode, na verdade, elevar o risco da doença.

O papel do ferro e da proteína NUPR1 na renovação celular pode ser determinante para a incidência de tumores.
O papel do ferro e da proteína NUPR1 na renovação celular pode ser determinante para a incidência de tumores. - iStock/artacet

Foco na prevenção antes dos 80 anos

Diante desses achados, os pesquisadores enfatizam que as estratégias de prevenção do câncer devem ser priorizadas antes dos 80 anos, quando o risco da doença é mais elevado. Manter hábitos saudáveis, como evitar o tabagismo, reduzir o consumo excessivo de álcool, praticar exercícios e realizar exames médicos regulares, continua sendo essencial para reduzir as chances de desenvolver câncer ao longo da vida.

Folato pode reduzir risco de câncer colorretal, sugere estudo

Em um estudo recente, cientistas do Imperial College London descobriram que o consumo diário de folato (vitamina B9) pode reduzir o risco de câncer colorretal em até 7%. A pesquisa, publicada pela Catraca Livre, sugere que uma dieta rica em vegetais verdes, como espinafre e brócolis, pode ter um impacto positivo na prevenção de câncer intestinal, com implicações para políticas de saúde pública. Saiba mais aqui!