Consumir castanhas pode evitar prematuridade em bebês, diz estudo

28/12/2017 17:46

Imagem meramente ilustrativa
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Uma das preocupações das mães durante a gestação é o nascimento prematuro. Isso porque a chegada do neném antes de completar 37 semanas pode trazer graves consequências.

Estudos já associaram a prematuridade a futuros problemas respiratórios, deficiências visuais e auditivas, atrasos no desenvolvimento neurológico e paralisia cerebral, sem contar que ela é a principal causa de morte neonatal e infantil.

Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), 15 milhões de bebês nascem antes do tempo por ano no mundo. No Brasil, mais de 320 mil bebês nasceram prematuros, em 2015, de acordo com o Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (Sinasc), do Ministério da Saúde.

Com foco na prevenção, um novo estudo, publicado em 2017 no periódico científico “New England Journal of Medicine” e divulgado no Brasil pelo jornal O Globoidentificou que variações em seis genes das mães têm forte ligação com a duração das gestações e os nascimentos prematuros, definidos como os acontecidos antes da 37ª semana de gravidez, abrindo caminho para pesquisas que podem ajudar na sua prevenção.

“Já sabíamos há muito tempo que o parto prematuro é uma combinação de fatores genéticos e ambientais, com pesquisas anteriores sugerindo que cerca de 30% a 40% do risco de um nascimento prematuro está ligado a questões genéticas, mas este novo estudo é o primeiro a nos fornecer informações robustas sobre o quê alguns destes fatores genéticos realmente são”, disse Louis Muglia, codiretor do Instituto Perinatal do Hospital Infantil de Cincinnati, nos EUA, e cientista-chefe do Centro de Pesquisas sobre Prematuridade da March of Dimes , fundação americana dedicada ao financiamento de iniciativas e pesquisas voltadas para a saúde materna e infantil no país.

No estudo, os cientistas primeiro sequenciaram o genoma de mais de 43 mil mulheres americanas de ascendência europeia. Destas, 37,8 mil (86,8%) tiveram partos a termo, isto é, entre 37 e 42 semanas de gestação, enquanto 3,3 mil (7,6%) relataram partos prematuros, com menos de 37 semanas de gravidez, e 2,4 mil (5,6%) partos tardios, ou seja, após 42 semanas.

Depois, pesquisadores cruzaram dados sobre quase 16 milhões de variações genéticas conhecidas como polimorfismos de nucleotídeo único – em que há a troca de apenas um dos pares de “letras” que compõem nosso DNA – com as informações sobre as gravidezes e partos das mulheres, identificando inicialmente 14 genes onde mudanças pareciam estar associadas à duração da gestação e à ocorrência de nascimentos prematuros.

Na etapa a seguir,  os cientistas replicaram as análises com outro banco de dados com informações genômicas e das gravidezes e partos de quase 9 mil mulheres escandinavas participantes de estudos sobre saúde materna e infantil na Finlândia, Noruega e Dinamarca, chegando então aos seis genes fortemente ligados à duração da gestação e prematuridade relatados no estudo, batizados EBF1, EEFSEC, AGTR2, WNT4, ADCY5 e RAP2C.

Segundo os pesquisadores, análises funcionais destes genes mostraram que o WNT4, por exemplo, parece estar diretamente implicado na chamada decidualização do endométrio, o tecido que reveste o útero, em preparação para a implantação do óvulo fertilizado e subsequente gravidez.

Já o EEFSEC está ligado ao metabolismo do selênio, mineral presente em castanhas, folhas verdes, fígado e outras carnes envolvido em defesas antioxidantes e respostas inflamatórias, processos fisiológicos que também já foram ligados a partos prematuros em estudos anteriores, com os demais genes também apresentando possíveis ligações funcionais seja com a duração da gestação ou com a ocorrência do problema.

Assim, os cientistas acreditam que a descoberta da associação destas seis regiões do nosso DNA com os partos prematuros podem contribuir para pesquisas de tratamentos ou indicações nutricionais que possam evitar sua ocorrência.

O estudo não apenas revelou diversos genes ligados aos nascimentos prematuros como identificou potenciais soluções simples e de baixo custo, como suplementos de selênio para mulheres grávidas, que se confirmadas podem ajudar a salvar milhares de vidas.

Entre as principais limitações do estudo, no entanto, está o fato de que ele restringiu suas análises a mulheres com ascendência europeia.

Assim, os cientistas já preparam pesquisas semelhantes a serem conduzidas na África e na Ásia de forma a avaliar se as associações encontradas também valem para populações de outras etnias.

Também está nos planos a realização de testes dos níveis de selênio em mulheres grávidas em países de baixa renda e áreas pobres dos EUA para tentar verificar logo se a suplementação do mineral pode mudar as taxas de partos prematuros nestas localidades.

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