Estudo científico revela ligação direta entre vírus e aumento do risco de Alzheimer

Pesquisa com 500 mil registros médicos identifica 22 conexões entre vírus e doenças neurodegenerativas, como Alzheimer e Parkinson

06/09/2024 08:29

Um estudo de cerca de 500 mil registros médicos sugeriu que certos vírus aumentam o risco de doenças neurodegenerativas, como Alzheimer.
Um estudo de cerca de 500 mil registros médicos sugeriu que certos vírus aumentam o risco de doenças neurodegenerativas, como Alzheimer. - iSTock/KatarzynaBialasiewicz

Uma pesquisa recente, analisando cerca de 500 mil registros médicos, revelou uma forte associação entre infecções virais graves e um risco elevado de desenvolver doenças neurodegenerativas, como Alzheimer e Parkinson. O estudo, publicado na revista Neuron, identificou 22 ligações significativas entre a exposição a vírus e condições cerebrais debilitantes.

Infecções virais e doenças neurodegenerativas

O estudo destacou que pacientes tratados para encefalite viral, uma inflamação cerebral grave, apresentaram um risco 31 vezes maior de desenvolver Alzheimer.

Dentre 406 casos de encefalite viral, 24 evoluíram para Alzheimer, correspondendo a aproximadamente 6% dos pacientes. Além disso, indivíduos que foram hospitalizados por pneumonia após contraírem gripe também demonstraram maior susceptibilidade à Alzheimer, demência, Parkinson e esclerose lateral amiotrófica (ELA).

Infecções intestinais, meningite e o vírus varicela-zoster, causador do herpes zoster, também foram identificados como potenciais desencadeadores de doenças neurodegenerativas. Os pesquisadores observaram que o impacto dessas infecções no cérebro poderia persistir por até 15 anos, sem qualquer caso em que a exposição viral tenha oferecido algum tipo de proteção.

Estudo relaciona vírus à esclerose múltipla

Outro ponto significativo é que aproximadamente 80% dos vírus identificados como relacionados às doenças cerebrais eram “neurotróficos”, ou seja, tinham a capacidade de atravessar a barreira hematoencefálica e atingir o cérebro.

Em uma pesquisa anterior, realizada em 2022, o vírus Epstein-Barr foi associado a um risco 32 vezes maior de desenvolvimento de esclerose múltipla, reforçando a conexão entre infecções virais e doenças neurológicas.

Os resultados foram obtidos a partir de uma análise detalhada de registros médicos de cerca de 35 mil finlandeses com seis tipos diferentes de doenças neurodegenerativas, comparados com dados de 310 mil pessoas saudáveis.

Embora o estudo seja observacional e não comprove uma relação causal direta, ele adiciona evidências importantes sobre o papel dos vírus no desenvolvimento de condições como Alzheimer e Parkinson.