Estudo faz verdadeiro alerta e liga infecções virais ao desenvolvimento de doença mental grave

Pesquisa analisa 500 mil registros médicos e liga infecções virais ao Alzheimer

02/05/2025 07:05

Regiões do cérebro responsáveis ​​pelo processamento de cheiros estão entre as primeiras afetadas pelo Alzheimer
Regiões do cérebro responsáveis ​​pelo processamento de cheiros estão entre as primeiras afetadas pelo Alzheimer - Design Cells/istock

Uma ampla análise de registros médicos reforça a ligação entre infecções virais graves e o surgimento de doenças neurodegenerativas, como o Alzheimer. Publicada na revista Neuron, a pesquisa identificou 22 associações significativas entre agentes virais e condições neurológicas crônicas, incluindo Parkinson, esclerose lateral amiotrófica (ELA) e demência.

O estudo envolveu o exame de cerca de 500 mil registros médicos, incluindo pacientes diagnosticados com diferentes tipos de doenças cerebrais. Os dados revelam que infecções como encefalite viral e pneumonia aumentam substancialmente o risco de desenvolver Alzheimer ao longo dos anos.

Encefalite e gripe elevam risco de Alzheimer

Entre os achados mais alarmantes está a descoberta de que pacientes com encefalite viral têm 31 vezes mais chances de desenvolver Alzheimer. Em números práticos, de 406 pessoas com esse tipo de inflamação cerebral, 24 foram posteriormente diagnosticadas com a doença — uma incidência de quase 6%.

Outras infecções, como pneumonia associada à gripe, meningite e infecções intestinais virais, também demonstraram relação com maior suscetibilidade ao Alzheimer e outras doenças neurológicas. O vírus varicela-zoster, causador da herpes zoster, foi outro agente implicado.

Além disso, cerca de 80% dos vírus associados a doenças cerebrais no estudo são considerados neurotróficos, ou seja, têm a capacidade de atravessar a barreira hematoencefálica e afetar diretamente o cérebro. Em alguns casos, os impactos dessas infecções persistiram por até 15 anos após a exposição inicial.

Representação da ação da microglia no cérebro, mostrando seu papel na resposta imune e na progressão da doença.
Representação da ação da microglia no cérebro, mostrando seu papel na resposta imune e na progressão da doença. - iStock/Makhbubakhon Ismatova

Dados reforçam papel dos vírus em doenças cerebrais

Os cientistas adotaram uma abordagem inovadora baseada em ciência de dados. Eles cruzaram informações de 35 mil pacientes finlandeses com doenças neurodegenerativas e compararam com dados de 310 mil indivíduos saudáveis. Após uma triagem adicional com outros 100 mil registros, as conexões virais foram reduzidas a 22 associações robustas.

Embora o estudo não comprove uma relação causal direta, ele reforça hipóteses crescentes sobre o papel central dos vírus na origem de distúrbios como Alzheimer. A inspiração veio de uma descoberta anterior, em 2022, quando uma pesquisa com mais de 10 milhões de pessoas relacionou o vírus Epstein-Barr a um risco 32 vezes maior de esclerose múltipla.

 

 

Sinal de Alzheimer que aparece até 25 anos antes

Pesquisadores identificaram um sinal de Alzheimer que pode surgir até 25 anos antes dos sintomas clássicos. Alterações sutis na memória e no olfato estão entre os primeiros indícios. O achado pode revolucionar o diagnóstico precoce, possibilitando intervenções mais eficazes antes da progressão da doença. Clique aqui para saber mais.