Estudo mostra qual fator que eleva risco de doenças cardíacas
O barulho do tráfego não afeta apenas os ouvidos; ele pode ser um grande vilão para o coração e o cérebro
Um estudo publicado pela revista Circulation Research trouxe evidências sobre os perigos da poluição sonora, especialmente o barulho do tráfego, para a saúde cardiovascular.
A pesquisa foi conduzida por especialistas renomados de várias instituições de prestígio, como o Copenhagen Cancer Institute, o Swiss Tropical and Public Health Institute, a Perelman School of Medicine da Universidade de Filadélfia e o Departamento de Cardiologia do Mainz University Medical Center.
Os dados coletados revelaram a relação direta entre a exposição ao ruído do tráfego e o aumento do risco de doenças cardíacas e cerebrovasculares.

O efeito do barulho do trânsito na saúde cardiovascular
De acordo com os resultados do estudo, o barulho do tráfego, incluindo o de veículos rodoviários, ferroviários e aeronaves, pode aumentar significativamente o risco de doenças cardiovasculares, como infartos, insuficiência cardíaca, Acidente Vascular Cerebral (AVC) e até diabetes. A pesquisa aponta que o aumento do nível de ruído em 10 dBa pode elevar o risco de doenças cardíacas em até 3,2%, evidenciando o impacto negativo que o ruído tem na saúde cardiovascular da população.
Além disso, o estudo sugere que o aumento da exposição ao ruído do tráfego está relacionado a uma maior mortalidade cardiovascular, com evidências claras do desenvolvimento de condições cardiometabólicas, como a doença cardíaca isquêmica e insuficiência cardíaca.
Interrupção do sono e o aumento do estresse oxidativo
Outro aspecto importante do estudo é o impacto do barulho do trânsito no sono. O ruído constante interrompe o descanso noturno e contribui para o aumento do estresse oxidativo no sistema vascular e no cérebro. Isso ocorre porque o sono interrompido leva à maior produção de radicais livres, moléculas instáveis que podem danificar células e tecidos, facilitando o desenvolvimento de doenças como hipertensão, distúrbios vasculares e inflamação.
A pesquisa destacou também que o barulho pode afetar processos biológicos mais profundos, como o ritmo circadiano e a sinalização neuronal-cardiovascular, além de alterar vias epigenéticas e genéticas que podem predispor o organismo a doenças a longo prazo.

Efeitos indiretos do ruído: além da audição
Embora o ruído seja tradicionalmente associado à perda auditiva, este estudo abordou os efeitos indiretos da poluição sonora, ou seja, os impactos no corpo que não estão diretamente relacionados à audição.
Os pesquisadores demonstraram que o barulho do trânsito afeta diversas funções biológicas e pode desencadear uma série de reações no organismo, que vão desde a alteração do metabolismo até a promoção de inflamações crônicas.
Essas descobertas reforçam a necessidade de uma abordagem mais ampla para compreender como o som do tráfego afeta a saúde humana de maneiras que vão além dos danos auditivos.
Medidas para minimizar os efeitos da poluição sonora
O estudo recomenda uma série de medidas para mitigar os efeitos negativos do barulho do tráfego. Entre as sugestões estão a implementação de leis de controle de ruído mais rigorosas e a promoção de campanhas de conscientização pública sobre os riscos que a poluição sonora pode trazer para a saúde cardiovascular.
O aumento da conscientização sobre o impacto do ruído como fator de risco deve ser uma prioridade para melhorar a saúde pública a longo prazo.
Thomas Münzel, principal autor do estudo e professor sênior no University Medical Center de Mainz, enfatiza que, com uma parte crescente da população exposta ao ruído prejudicial, especialmente após a pandemia de COVID-19, as medidas de controle e as leis de redução de ruído se tornam cada vez mais cruciais. Ele destaca que essa questão deve ser tratada com seriedade para evitar uma crise de saúde pública relacionada a doenças cardiovasculares.

Sinais de que o coração pode não estar bem
Embora o impacto do barulho do tráfego na saúde seja preocupante, é fundamental também ficar atento aos sinais de que o coração pode não estar bem.
Alguns sintomas, como dor no peito, falta de ar, fadiga inexplicável, palpitações cardíacas, tontura ou desmaio, inchaço no corpo e problemas digestivos, podem indicar a presença de doenças cardíacas.
Em particular, mulheres podem experienciar sintomas digestivos como náuseas, indigestão e azia, que frequentemente são associados a problemas cardíacos.
Outros sinais, como tosse persistente, produção de escarro rosa ou espumoso e chiado no peito, podem ser indicativos de insuficiência cardíaca congestiva. Esses sintomas não devem ser ignorados e é essencial buscar orientação médica para um diagnóstico preciso.
O estudo reforça a importância de reconhecer o ruído do tráfego como um fator de risco para doenças cardiovasculares, além de destacar a necessidade de políticas públicas eficazes e uma maior conscientização sobre o impacto da poluição sonora na saúde da população.
Arritmia cardíaca: cuide do seu coração desde a manhã
Acordar pode ser um desafio para quem sofre de arritmias cardíacas, especialmente pela manhã. Fatores hormonais e a transição entre sistemas nervosos aumentam o risco. Com sintomas como palpitações e falta de ar, é crucial buscar orientação médica para proteger a saúde cardiovascular. Saiba mais sobre o tema no Catraca Livre.