Estudo revela ligação entre vírus e aumento do risco de Alzheimer

Vírus neurotróficos aumentam o risco de Alzheimer em até 31 vezes, segundo nova pesquisa que analisou 500 mil registros médicos

Por Thatyana Costa em parceria com Anna Luísa Barbosa (Médica Generalista - CRMGO 33271)
14/09/2024 13:57

Um estudo de cerca de 500 mil registros médicos sugeriu que certos vírus aumentam o risco de doenças neurodegenerativas, como Alzheimer.
Um estudo de cerca de 500 mil registros médicos sugeriu que certos vírus aumentam o risco de doenças neurodegenerativas, como Alzheimer. - iSTock/KatarzynaBialasiewicz

Uma nova pesquisa sugere que infecções virais graves podem aumentar consideravelmente o risco de doenças neurodegenerativas, como Alzheimer e Parkinson.

O estudo, que analisou cerca de 500 mil registros médicos, identificou 22 conexões entre infecções virais e condições neurodegenerativas, conforme publicado na revista Neuron.

Entre os vírus estudados estão aqueles responsáveis por encefalite viral e pneumonia, cujos impactos no cérebro podem persistir por até 15 anos.

Pessoas que foram tratadas para encefalite viral apresentaram 31 vezes mais chances de desenvolver Alzheimer. Para cada 406 casos de encefalite, 24 evoluíram para a doença de Alzheimer, representando aproximadamente 6% dos pacientes.

Além disso, aqueles hospitalizados com pneumonia após gripe também se mostraram mais vulneráveis ao Alzheimer, bem como à demência, doença de Parkinson e esclerose lateral amiotrófica (ELA).

Conexões entre vírus e doenças neurodegenerativas

O estudo também apontou que infecções intestinais, meningite e o vírus varicela-zoster, causador do herpes zoster, podem estar associados ao desenvolvimento de doenças como o Alzheimer. Esses vírus foram classificados como “neurotróficos”, o que significa que conseguem atravessar a barreira hematoencefálica e afetar diretamente o cérebro.

Em uma metodologia inovadora, os pesquisadores analisaram registros médicos de 35 mil pessoas na Finlândia com seis tipos diferentes de doenças neurodegenerativas. A partir dessa análise, foram identificadas 45 ligações iniciais entre a exposição viral e essas condições, número que foi reduzido para 22 após uma revisão de 100 mil registros médicos adicionais.

Embora o estudo seja de caráter observacional e não comprove uma relação causal direta, ele reforça a evidência de que infecções virais desempenham um papel importante no desenvolvimento de doenças como Alzheimer e Parkinson.