Exame pode prever demência 9 anos antes dos primeiros sintomas

Com o novo teste de ressonância magnética, detecte sinais de demência precocemente e melhore as possibilidades de tratamento eficaz

07/09/2024 15:03

Uma equipe de pesquisadores da Queen Mary University, em Londres, desenvolveu um novo teste capaz de prever a demência até nove anos antes do diagnóstico clínico.

Este avanço significativo na detecção precoce da doença oferece uma precisão superior a 80%, superando os métodos tradicionais, como os testes de memória e medições de encolhimento cerebral.

Exame pode prever demência 9 anos antes dos primeiros sintomas
Exame pode prever demência 9 anos antes dos primeiros sintomas - iSTock/monkeybusinessimages

Como o novo teste funciona

O inovador exame utiliza a análise da ressonância magnética cerebral para identificar sinais precoces de demência.

Os pesquisadores focaram em uma região crítica do cérebro chamada rede de modo padrão (DMN), que é a primeira área afetada pela doença de Alzheimer, a forma mais comum de demência.

A DMN é essencial para a conexão e organização das diferentes partes do cérebro, desempenhando um papel crucial na manutenção da ordem dos pensamentos.

Para desenvolver o teste, a equipe analisou exames cerebrais de 81 indivíduos que tinham demência na época, mas que haviam desenvolvido a condição posteriormente.

Além disso, compararam esses resultados com 1.030 controles. Usando este modelo, os pesquisadores conseguiram detectar sinais de demência em alguns casos até nove anos antes do esperado.

A simplicidade e a rapidez do exame, que pode ser realizado em poucos minutos, são vantagens adicionais significativas.

O novo teste da Queen Mary University utiliza ressonância magnética para identificar sinais precoces de demência com alta precisão
O novo teste da Queen Mary University utiliza ressonância magnética para identificar sinais precoces de demência com alta precisão - iSTock/Moyo Studio

Impacto global da demência

A demência afeta aproximadamente 55 milhões de pessoas em todo o mundo, um número que a Organização Mundial da Saúde (OMS) prevê que quase triplicará até 2050 devido ao envelhecimento da população.

No Brasil, cerca de 1,76 milhão de pessoas vivem com alguma forma de demência, conforme dados do Ministério da Saúde. Esse número pode aumentar para 5,5 milhões até 2050.

É importante destacar que a demência não se refere a uma doença específica, mas sim a um grupo de sintomas associados a um declínio significativo na memória, no raciocínio e em outras funções cognitivas.

Esses sintomas podem ser graves o suficiente para prejudicar a capacidade da pessoa de realizar atividades diárias.

A equipe de pesquisa da Queen Mary University desenvolveu um teste inovador que detecta demência antes do diagnóstico clínico tradicional
A equipe de pesquisa da Queen Mary University desenvolveu um teste inovador que detecta demência antes do diagnóstico clínico tradicional - iSTock/Jacob Wackerhausen

A doença de Alzheimer e seus sintomas

O Alzheimer, que representa entre 60% e 80% dos casos de demência, é uma doença neurodegenerativa progressiva.

Ela afeta a memória, o pensamento e o comportamento dos indivíduos. Embora ainda não exista uma cura para o Alzheimer, diagnósticos precoces e tratamentos adequados podem ajudar a gerenciar os sintomas e melhorar a qualidade de vida dos pacientes.

Os sintomas típicos da demência incluem perda de memória, dificuldades cognitivas, desorientação quanto ao tempo e lugar, e mudanças de humor, como confusão, depressão, ansiedade e comportamento agressivo.

Fatores de risco para demência

Diversos fatores de risco estão associados ao desenvolvimento da demência. Entre eles, a idade avançada é o principal fator, mas o histórico familiar e certos genes, como o gene da apolipoproteína E (APOE ε4), também desempenham papéis importantes.

Traumas cranianos graves, especialmente aqueles que causam perda de consciência, doenças crônicas como diabetes, e hábitos de vida pouco saudáveis, como uma dieta inadequada, falta de atividade física, tabagismo e consumo excessivo de álcool, são outros fatores que podem aumentar o risco de demência.