Exercícios físicos diminuem mortes por câncer de intestino em 37%, revela estudo

Programa regular de exercícios também reduz em 28% o risco de recidiva entre pacientes com câncer de intestino

Por Clara Figueiredo em parceria com Anna Luísa Barbosa (Médica - CRMGO 33271)
12/06/2025 01:03 / Atualizado em 22/06/2025 23:41

Um programa de exercícios com duração de três anos levou a uma redução de 28% na recorrência do câncer e de 37% no risco de morte
Um programa de exercícios com duração de três anos levou a uma redução de 28% na recorrência do câncer e de 37% no risco de morte - iStock/ travnikovstudio

Um programa estruturado de exercícios físicos pode diminuir o risco de retorno do câncer de intestino e a mortalidade entre pacientes que já foram diagnosticados com a doença. A conclusão vem de um estudo clínico realizado pelo Canadian Cancer Trials Group, que acompanhou 889 pacientes em seis países diferentes. Os resultados foram apresentados no Congresso Anual da ASCO, em Chicago.

A pesquisa revelou que um programa de exercícios com duração de três anos levou a uma redução de 28% na recorrência do câncer e de 37% no risco de morte, quando comparado a um grupo que recebeu apenas orientações básicas de saúde. Os participantes tinham sido previamente tratados com cirurgia e quimioterapia adjuvante para câncer de cólon em estágio três (90% deles) ou estágio dois de alto risco.

No grupo que seguiu o programa de exercícios, a taxa de sobrevida livre de doença foi de 80%, contra 74% no grupo com orientações apenas educativas. A sobrevida global após oito anos foi de 90% para os ativos e 83% para os orientados.

Sinais de alerta do câncer de intestino

  • Sangue na evacuação, vermelho vivo ou escuro, com ou sem muco
  • Alterações no hábito intestinal, diarreia crônica e urgência para evacuar
  • Fezes afiladas, sensação de esvaziamento incompleto, constipação recente, cólicas e inchaço abdominal
    Sintomas inespecíficos como fadiga, perda de peso e anemia crônica

A diferença está no acompanhamento contínuo

Pacientes do grupo ativo receberam suporte especializado de consultores em atividade física. Nos primeiros seis meses, as sessões eram quinzenais; depois, passaram a ser mensais, com encontros extras quando necessário.

O objetivo era manter ou aumentar a atividade física recreativa para pelo menos 10 horas semanais, com liberdade para escolher o tipo, intensidade e duração do exercício, incluindo caminhada, corrida, ciclismo e natação.

Além da melhora clínica, os pacientes relataram melhor condicionamento físico, maior aptidão cardiorrespiratória e melhor desempenho no teste de caminhada de seis minutos.

Resultados e segurança

Durante quase 8 anos de acompanhamento, 93 pacientes do grupo ativo tiveram recidiva da doença, contra 131 no grupo controle. O número de mortes foi de 41 no grupo ativo e 66 no controle.

Embora o programa tenha sido eficaz, 19% dos pacientes ativos relataram efeitos musculoesqueléticos, como distensões e fraturas, contra 12% no grupo controle. Cerca de 10% desses eventos foram diretamente relacionados à prática dos exercícios.

O oncologista Christopher Booth, principal autor do estudo, destacou: “Agora temos uma resposta clara para os pacientes que perguntam o que podem fazer para melhorar seus resultados: um programa de exercícios com acompanhamento profissional reduz o risco de câncer recorrente e aumenta a longevidade.”

Os participantes do grupo ativo tiveram que manter pelo menos 10 horas semanais de atividades, com liberdade para escolher o tipo, intensidade e duração do exercício, incluindo caminhada, corrida, ciclismo e natação
Os participantes do grupo ativo tiveram que manter pelo menos 10 horas semanais de atividades, com liberdade para escolher o tipo, intensidade e duração do exercício, incluindo caminhada, corrida, ciclismo e natação - iStock/ dusanpetkovic

Impacto para as diretrizes clínicas

O estudo ressalta a importância de programas práticos e com suporte técnico para ajudar pacientes a incorporarem hábitos saudáveis após o tratamento, já que muitos relatam dificuldade em seguir recomendações isoladas.

Além disso, a pesquisa avalia a viabilidade de implementar esses programas nos sistemas públicos e privados, considerando os benefícios para a saúde e os custos envolvidos.