Fake news: o mito do dióxido de cloro (MMS) para cura do autismo

Vendida de forma enganosa, a substância leva pais a terem falsas esperanças e faz das crianças suas maiores vítimas

Um onda grave de fake news tem levado crianças a hospitais e preocupado a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). O órgão tem tomado providências para impedir que mais malefícios ocorram por conta de uma propaganda enganosa de uma suposta substância capaz de curar autismo.

A fake news sobre MMS ou dióxido de carbono, associado à cura do autismo, tem levado crianças a serem hospitalizadas
Créditos: iStock/Sasiistock
A fake news sobre MMS ou dióxido de carbono, associado à cura do autismo, tem levado crianças a serem hospitalizadas

O dióxido de cloro é um componente de produtos de limpeza, como alvejante, e ficou conhecido como MMS (sigla em inglês para “solução mineral milagrosa”).

Vendido e indicado, de forma enganosa, como cura do autismo em sites, vídeos, redes sociais e grupos de WhatsApp, ele não apenas leva pais a terem falsa esperança como coloca em risco a saúde das crianças, principais vítimas da fake news.

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Apesar da força tarefa de autoridades sanitárias, entidades médicas e alertas internacionais sobre seus riscos, centenas de anúncios retirados da internet acabam voltando logo em seguida, com outros nomes, o que tem levado a Anvisa a notificar as próprias plataformas para impedir novas publicações.

É importante ressaltar que o autismo não tem cura. Mesmo assim, há casos de médicos que indicam o MMS e pedem que o dióxido de cloro seja feito em farmácias de manipulação.

Há ainda indicações de que o MMS deve ser introduzido pelo reto, por conta do forte odor de cloro, o que acaba acarretando em problemas ainda mais graves, como lesões corrosivas na parede de proteção do intestino delgado e grosso.

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É possível denunciar tanto profissionais quanto sites que indiquem o uso da substância ao Ministério Público. O CFM (Conselho Federal de Medicina) afirma que os médicos podem ser notificados a prestar esclarecimento nos conselhos estaduais, que podem abrir sindicância e avaliar se há infração ética. As denúncias também podem ser feitas aos conselhos regionais.

Além de estar completamente desassociado à cura, o dióxido de cloro pode causar enjoos, vômitos, diarreia, lesão renal, lesão das células sanguíneas que carregam oxigênio e insuficiência respiratória. Estudos também apontam outras complicações, como anemia, desidratação e choque hemorrágico.